A retração do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) verificada no quarto trimestre do ano passado reflete a desaceleração da economia provocada pelos juros altos, após o resultado das eleições presidenciais, disse nesta quinta-feira (2) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Apesar do encolhimento do indicador no fim de 2022, o ministro descartou o risco de recessão para este ano.
“Não estamos trabalhando com perspectiva de recessão”, disse Haddad. Uma economia entra em recessão técnica quando registra dois trimestres seguidos de resultados negativos.
Ele comentou o resultado do PIB de 2022, divulgado mais cedo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora a economia tenha crescido 2,9% no ano passado, houve uma retração de 0,2% no quarto trimestre.
“Todo o desafio do Ministério da Fazenda, da área econômica, é reverter esse quadro e promover uma curva ascendente do crescimento do PIB. Neste momento, ela está descendente”, disse o ministro.
Para o ministro Fernando Haddad, a economia está perdendo força por causa das altas dos juros. Embora a taxa Selic (juros básicos da economia) tenha parado de subir em agosto do ano passado.
O mercado financeiro brasileiro vem sofrendo baixas com discursos tanto do Ministro da Fazenda, quanto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E foi abalado, principalmente, quando o presidente falou sobre a autonomia do Banco Central indicando que o mesmo não poderia ter esta soberania chamando o mesmo de “bobagem”.
Entenda taxa de juros
O principal objetivo do Comitê de Política Monetária (COPOM) é avaliar a situação macroeconômica do Brasil, e identificar as ameaças relacionadas a ela. Assim, por meio da análise desses dados, decisões importantes sobre a política monetária do país são tomadas.
Harmonização
O ministro voltou a destacar a importância de “harmonizar” as políticas monetária e fiscal, para que a população mais vulnerável seja poupada da desaceleração da economia. “Temos a oportunidade de resolver o quadro neste ano, sem prejudicar a população de menor renda”, disse.
Conforme declarações recentes de Haddad, a harmonização ocorreria da seguinte forma. Os ministérios da Fazenda e do Planejamento tomam medidas para elevar a arrecadação. Em troca, o BC anuncia a possibilidade de começar a reduzir a Selic nos próximos meses. O envio do novo marco fiscal e da reforma tributária ao Congresso também ajudariam nessa missão.
Sobre a política de preços para os combustíveis, o ministro da Fazenda disse que o tema está sendo tratado pelo Ministério de Minas e Energia, mas que a ideia seria encontrar um meio-termo entre a cotação internacional do petróleo e o preço na bomba. “Pretendemos encontrar alternativas para que não pese no bolso do consumidor as eventuais variações de preço internacional, que penalizaram muito o consumidor no último governo”, explicou.