O novo Plano industrial do governo Lula, lançado nesta segunda-feira (22), reforçou a atenção do governo com a Defesa. Dentre as “seis missões” estabelecidas pela política, há uma específica voltada ao tema.
A meta com as políticas propostas é de que, até 2033, o Brasil obtenha autonomia na produção de 50% das tecnologias críticas para a defesa. A ideia será desenvolver as seguintes áreas:
- Energia nuclear;
- Sistema de comunicação e sensoriamento;
- Sistema de propulsão;
- Veículos autônomos e remotamente controlados.
A área receberá tanto linhas de crédito quanto financiamentos não reembolsáveis, com a chamada subvenção econômica. O Novo PAC, principal programa de investimento do Lula 3, previu R$ 52,8 bilhões para a Defesa — em um dos primeiros acenos da gestão a esta indústria.
Entre as prioridades da subvenção estão, segundo o Plano, projetos de alta complexidade e tecnologias críticas, como o Radar M 200 Multimissão e o foguete de decolagem para veículo hipersônico.
O M200 é um radar transportável, de média altura, capaz de operar em vigilância, busca e orientação de tiro, com capacidade de acompanhar múltiplos alvos aéreos simultâneos voando a distâncias de até 200 km, em altitudes de até 20 km.
Já o foguete é tecnologia vital para o desenvolvimento de veículos hipersônicos — aqueles capazes de alcançar qualquer velocidade acima de Mach 1 (1.235 km/h) até Mach 5 (6.175 km/h).
Segundo especialista consultado pela CNN que participa das discussões do governo para a indústria de Defesa, esta é uma tecnologia vital para viabilizar a produção de mísseis hipersônicos.
O governo também menciona subvenção econômica para produção de hexafluoreto de urânio, combustível para projetos de submarino nuclear — cuja construção é uma das prioridades da gestão.
Para estes projetos, serão destinados R$ 400 milhões não reembolsáveis do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), entre este ano e 2026. Haverá também linhas de crédito.
Ainda está no radar do Plano a construção de um laboratório de contenção biológica em Campinas (SP). A infraestrutura viabiliza a manipulação e o diagnóstico de patógenos de alto risco e, segundo o documento, permite a “prevenção de bioterrorismo e o enfrentamento de doenças emergentes ou reemergentes”.
O Nova Indústria Brasil prevê estabelecer um “instrumento de compra governo-governo”, que permitirá a venda de produtos para outros países, a fim de promover as exportações do setor e, assim, sustentabilidade econômica.
Por Danilo Moliterno/CNN
Foto: Sargento Frutuoso/DCTA