O banco digital Nubank, que quer ultrapassar 100 milhões de clientes em 2024, anunciou lucro líquido ajustado de US$ 395,8 milhões no quarto trimestre de 2023, um salto de 248% em 12 meses, considerando os resultados da holding, dona das operações no Brasil, México e Colômbia.
Considerando todo o ano passado, o ganho ajustado acumulado foi de US$ 1,2 bilhão, ante US$ 204 milhões em 2022. Sem ajustes, o lucro líquido foi de US$ 360,9 milhões no quarto trimestre e de US$ 1 bilhão em 2023.
O retorno sobre o patrimônio (ROE, na sigla em inglês), um dos indicadores mais monitorados nos bancos, ficou em 26% no quarto trimestre, considerando o resultado ajustado, um dos mais altos entre bancos brasileiros. Mesmo sem os ajustes, o ROE ainda foi alto, em 23%.
“O ano de 2023 foi realmente uma transição muito importante para o banco em rentabilidade”, afirmou o diretor financeiro do Nubank, Guilherme Lago. “Se olharmos só as operações no Brasil, o nosso retorno segue crescendo em patamares superiores a 40%.”
Com os indicadores de 2023, Lago diz que o Nubank é um dos únicos bancos digitais globais capazes de equilibrar três atributos: alta crescimento, com rentabilidade e qualidade do crédito.
As receitas do Nubank somaram US$ 2,4 bilhões no quarto trimestre de 2023, um novo recorde, o que representa um aumento de 57%, descontando efeitos cambiais, em 12 meses.
“À medida que trabalhamos para ultrapassar a marca de 100 milhões de clientes em 2024, estamos investindo pesado em diversificar caminhos de crescimento para continuar a transformar potencial em lucro”, afirma no balanço o CEO e fundador do Nubank, David Vélez.
A fintech fechou dezembro com 93,9 milhões de clientes, em comparação com 54 milhões há um ano. Apesar de ter chegado a quase 53% da população brasileira, Lago conta que o Nubank vem conquistando de 1,3 milhão a 1,5 milhão clientes por mês no Brasil. “Em 2023, ganhamos mais clientes no Brasil que os cinco maiores bancos juntos”, disse.
Ou seja, só no ritmo atual de crescimento, o Brasil conseguiria fazer o banco digital operar os 100 milhões que Vélez comenta. O diretor de Relações com Investidores, Jorg Friedemann, disse que, em janeiro, o Brasil cresceu de novo em mais de 1 milhão de clientes. Mas tem ainda as operações no México e Colômbia. Para 2024, uma das metas do Nubank é “ganhar o jogo” no mercado mexicano. O banco já conta com mais 6 milhões de clientes no México e 600 mil na Colômbia – e ainda tem 400 mil na fila para ter uma conta corrente, que ainda nem foi lançada.
Inadimplência e crédito
No Brasil, o índice de inadimplência do Nubank, considerando atrasos de 15 a 90 dias, terminou dezembro em 4,1%, em ligeira queda. Já para um prazo maior, acima de 90 dias, ficou estável em 6,1%. Lago ressaltou que o banco não conta com a melhora do ciclo do crédito no Brasil, mas conta com a capacidade do banco de aumentar o acesso ao crédito para um número maior de clientes, o que pode levar a inadimplência a subir.
No crédito, a carteira que rende juros cresceu 91% em um ano, chegando a US$ 8,2 bilhões em dezembro.
As provisões para devedores duvidosos do Nubank cresceram no quarto trimestre principalmente por conta do aumento da carteira, disse o presidente do Nubank, Youssef Lahrech. “Vemos oportunidades significativas de expansão de nossa carteira de crédito”, disse em teleconferência com analistas.
A carteira total cresceu 51%, chegando a US$ 18,4 bilhões. O saldo das provisões do Nubank terminaram dezembro em US$ 2,6 bilhões, ante US$ 2,3 bilhões do final de 2022. A taxa de inadimplência do Nubank de 15 a 90 dias fechou dezembro em 4,1%, ligeira queda dos 4,2% do trimestre anterior. Considerando a taxa para atrasos acima de 90 dias, terminou o trimestre em 6,1%, mesmo patamar de setembro.
O saldo das renegociações de crédito, que tem tido uma “abordagem proativa” do banco, terminou dezembro em US$ 1,6 bilhão, de US$ 1,4 bilhão do final do terceiro trimestre.
Com informações de Altamiro Silva Junior e Matheus Piovesana/Estadão Conteúdo e M&C
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