Considerando os últimos dados, o panorama econômico atual e as implicações estratégicas brasileiras e nos Estados Unidos, de fato, as expectativas de inflação para o final de 2024 e 2025 no Brasil reforçam a necessidade de políticas monetárias restritivas, como a manutenção de juros em níveis elevados (atualmente projetados em 12% a.a.). Essa estratégia visa conter pressões inflacionárias, mas o resultado dependerá também de como o Governo articulará um pacote fiscal crível, capaz de reduzir gastos públicos sem comprometer a confiança dos investidores.
O ponto sobre o teto de despesas públicas é crucial. Países que demonstram disciplina fiscal e utilizam políticas de expansão econômica com foco em sustentabilidade tendem a atrair mais investimentos. No Brasil, a utilização eficiente do orçamento público, priorizando iniciativas que “ensinem a pescar”, pode criar ciclos de crescimento mais sólidos.
Por outro lado, o cenário internacional mostra um fortalecimento do dólar, o “efeito Trump”, que intensifica desigualdades cambiais e oferece oportunidades para especuladores nos mercados globais. Nos EUA, a baixa inflação desde 2021 reforça a resiliência da economia americana, mas o futuro ainda depende das diretrizes concretas do “America First” para 2025. Para investidores, o Brasil apresenta atratividade, com margens de crescimento e um câmbio favorável, apesar das incertezas domésticas.
Setores que podem ser beneficiados
Tecnologia e Inovação: Com a crescente digitalização e a adoção de novas tecnologias, empresas do setor, startups e segmentos relacionados devem experimentar crescimento significativo, atendendo à demanda por soluções digitais e inovação.
Energia Renovável: O Brasil tem investido substancialmente em fontes de energia limpa, como solar e eólica. Esses investimentos não apenas diversificam a matriz energética, mas também atraem capital estrangeiro e geram empregos.
Infraestrutura: Projetos de infraestrutura, incluindo transporte, logística e construção civil são essenciais para o desenvolvimento econômico. Iniciativas governamentais e parcerias público-privadas podem acelerar o crescimento desse setor.
Setores com desafios
Indústria de Transformação: Setores intensivos em mão de obra continuam enfrentando desafios devido à escassez de trabalhadores qualificados. Projeções indicam a criação de cerca de 21 mil novos empregos em 2024 no Rio Grande do Sul, após a criação de 41 mil vagas em 2023, sugerindo uma desaceleração no ritmo de crescimento do emprego nesse setor.
Setor de Serviços: Pode perder força, impactado pela desaceleração do mercado de trabalho. A sinalização de queda no consumo das famílias pode impactar negativamente esse mercado no balanço de 2024.
Aviação Civil: A Gol Linhas Aéreas Inteligentes, uma das principais companhias aéreas do país, enfrentou dificuldades financeiras significativas, incluindo dívidas totais de R$ 40 bilhões e a tentativa de antecipar empréstimos. Esses desafios refletem a situação delicada do segmento no Brasil.
*Por Fabio Ongaro, economista e empresário no Brasil, CEO da Energy Group. Também é vice-presidente de finanças da Câmara de Comércio Italiana de São Paulo – Italcam