O levantamento IA e o futuro da concessão de crédito, realizado pela Cinnecta, empresa especialista em Inteligência Artificial para entendimento do comportamento do cliente, apontou que 26,4% dos executivos entrevistados veem a gestão da inadimplência como um dos maiores desafios da concessão de crédito no Brasil, seguida da falta de histórico bancário, com 23,5%, e da dificuldade de realizar análises assertivas, 17,7%. Os executivos também citaram como desafios a falta de compreensão do comportamento do cliente, as fraudes e a alta competitividade entre instituições financeiras. Participaram do levantamento 38 lideranças das áreas de crédito, risco e cobrança das principais empresas do mercado financeiro e do varejo de serviços financeiros do Brasil.
Diante desses desafios, a Inteligência Artificial (IA) tem sido aplicada para reduzir a inadimplência e aumentar a originação de crédito. Ela tem se mostrado eficaz especialmente em casos de clientes que enfrentam dificuldades tradicionais de acesso ao crédito, por conta da falta de histórico financeiro. A IA tem trazido uma alternativa aos métodos tradicionais de análise de crédito, ampliando as oportunidades de inclusão financeira. Os algoritmos já podem realizar uma análise minuciosa do perfil do cliente, para verificar as chances de inadimplência, com base em inúmeros atributos, como comportamento, histórico de pagamentos, interações com outros produtos da empresa ou variáveis alternativas no perfil de risco.
“Em um cenário ideal, a concessão de crédito seria simples: perfis impecáveis receberiam aprovação imediata, enquanto perfis conflituosos seriam automaticamente negados. Porém, a maioria dos solicitantes está em uma ‘faixa cinzenta’, mesclando pontos positivos e negativos. Para os cientistas de dados, o principal desafio na construção de modelos está em selecionar as variáveis mais relevantes que compõem o perfil financeiro das pessoas, avaliando os riscos com mais precisão”, lembra Ricardo Ferreira, COO da Cinnecta.
Para Ferreira, a Inteligência Artificial amplia oportunidades especialmente para os perfis com baixo histórico bancário ou histórico inexistente (thin file), pessoas jovens, pessoas que já tiveram restrições de crédito resolvidas e pessoas com baixa renda. Para esses indivíduos, a IA pode incorporar informações alternativas e não tradicionais na análise de crédito, permitindo a avaliação da capacidade de pagamento e do perfil de risco de forma mais precisa. Além disso, passam a receber recomendações personalizadas para produtos financeiros mais adequados.
O estudo da empresa também apontou que, atualmente, as ferramentas mais utilizadas pelas lideranças na hora de conceder crédito são: análise de dados e modelagem interna 39,4%; bureaus de crédito, dados públicos e de engajamento interno, 36,8%; sistemas e plataformas integradas, 7,9%; e demais dados de análise, 15,9%.
O COO da Cinnecta lembrou que “o setor financeiro está cada vez mais focado em adotar tecnologias para melhorar essa análise e proporcionar experiências mais personalizadas. Mais de 57,9% dos executivos de crédito que responderam ao estudo veem o investimento em tecnologia como assunto de alta prioridade. Outros 39,5% como prioridade média e apenas 2,6% dos executivos entrevistados não consideram o assunto prioridade no momento.”