Apenas seis unidades da federação acompanharam a redução registrada na taxa de desocupação no país no terceiro trimestre frente aos três meses anteriores. Enquanto o índice nacional recuou de 9,3% para 8,7% no período, 21 UFs permaneceram estáveis. Já na comparação interanual, com o mesmo trimestre do ano anterior, houve queda significativa da taxa de desocupação em todas as unidades da federação. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Trimestral, divulgada hoje (17) pelo IBGE.
“No segundo trimestre, a taxa de desocupação havia caído 1,8 ponto percentual, com disseminação da queda por 22 unidades da federação. Já no terceiro trimestre, a queda foi menos intensa, de 0,6 p.p., e isso repercutiu nos resultados locais, por estado”, explica a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.
As reduções na taxa na comparação com o trimestre anterior foram registradas por Paraná (-0,8 ponto percentual), Minas Gerais (-0,9 p.p.), Maranhão (-1,1 p.p.), Acre (-1,8 p.p.), Ceará (-1,8 p.p.) e Rondônia (-1,9 p.p.). Nessa mesma comparação, houve queda no indicador em todas as grandes regiões e o Nordeste se manteve com a maior taxa (12,0%). Entre os dez estados com maior taxa de desocupação, seis são dessa região.
Taxa de desocupação (%)
Já as menores taxas de desocupação, no terceiro trimestre, ficaram com Rondônia (3,9%), Mato Grosso (3,8%) e Santa Catarina (3,8%). O Sul foi a região com a menor taxa (5,2%) e os seus três estados registraram percentuais abaixo da média nacional.
A taxa de informalidade registrada no país foi de 39,4% no terceiro trimestre. Os maiores percentuais estavam no Pará (60,5%), Maranhão (59,1%) e Amazonas (57,1%), estados onde a maioria dos ocupados estava em trabalhos informais. Já Santa Catarina (25,9%), Distrito Federal (29,8%) e São Paulo (30,6%) tinham as menores proporções.
“A taxa de informalidade apresentou queda para o total nacional, mas entre as maiores reduções nesse indicador se destacam Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Pernambuco e Rio Grande do Norte”, afirma Beringuy. Entre a população considerada informal estão os empregados domésticos e do setor privado sem carteira assinada, os empregadores e trabalhadores por conta própria sem CNPJ e trabalhadores familiares auxiliares.
No terceiro trimestre, apenas 25,3% dos trabalhadores domésticos do país tinham carteira assinada. Entre os empregados do setor privado, essa proporção era de 73,3%, com menores percentuais no Norte (57,7%) e no Nordeste (57,3%). Santa Catarina (88,4%), Rio Grande do Sul (81,3%) e São Paulo (81,2%) foram os estados com as maiores proporções. Já as menores foram Maranhão (47,0%), Piauí (48,5%) e Pará (50,3%).
“No Norte e Nordeste, as altas taxas de informalidade estão associadas à baixa cobertura de carteira assinada nas duas regiões”, diz a pesquisadora.
Cerca de 2,6 milhões buscam trabalho há dois anos ou mais no país
Em todo o país, 44,5% dos desocupados estavam de um mês a menos de um ano em busca de trabalho. Para 11,7%, a busca estava durando de um ano a menos de dois anos e para 27,2%, ou 2,6 milhões de desocupados, dois anos ou mais. Cerca de 16,6% estavam à procura de uma vaga há menos de um mês.
Mulheres, pretos e pardos seguem com desocupação acima da média nacional
Outro recorte da pesquisa mostra que a taxa de desocupação de homens (6,9%) continua abaixo do índice nacional (8,7%), enquanto a das mulheres segue bem acima (11,0%) no terceiro trimestre. “A taxa de desocupação caiu tanto entre os homens quanto entre as mulheres, mas a distância entre eles vem aumentando, com as mulheres tendo um percentual bem superior ao dos homens”, destaca Beringuy.
As taxas de desocupação de pretos (11,1%) e pardos (10,0%) também ficaram acima da média do país. Já a dos brancos segue abaixo: 6,8%.
Em relação ao nível de ocupação (percentual de pessoas em idade de trabalhar que estão efetivamente ocupadas), a proporção de homens era de 67,6%, enquanto a de mulheres era 47,5%. A maior diferença estava no Norte (24,7 p.p.).
Rendimento cresce em todas as regiões frente ao trimestre anterior
O rendimento médio mensal recebido pelos trabalhadores foi estimado em R$ 2.737 no terceiro trimestre, crescendo tanto frente aos três meses anteriores (R$2.640) quanto ao mesmo período do ano passado (R$2.670). Na comparação com o trimestre anterior, houve aumento em todas as regiões. Já em relação ao terceiro trimestre de 2021, só o Sul e o Centro-Oeste tiveram alta e as outras regiões se mantiveram estáveis.
“Nesse trimestre, houve crescimento de 3,7% no rendimento médio em comparação ao anterior. Na maioria das unidades da federação, houve tendência de expansão do rendimento, mas apenas oito tiveram crescimento estatisticamente significativo”, diz a coordenadora.
A massa de rendimento de todos os trabalhos foi de R$266,7 bilhões, um crescimento frente ao trimestre anterior (R$254,5 bilhões) e ao mesmo período do ano passado (R$242,7 bilhões).
Mais sobre a pesquisa
A PNAD Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. A amostra da pesquisa por trimestre no Brasil corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Cerca de dois mil entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 estados e Distrito Federal, integrados à rede de coleta de mais de 500 agências do IBGE.
Em função da pandemia de Covid-19, o IBGE implementou a coleta de informações da pesquisa por telefone a partir de 17 de março de 2020. Em julho de 2021, houve a volta da coleta de forma presencial. É possível confirmar a identidade do entrevistador no site Respondendo ao IBGE ou via Central de atendimento (0800 721 8181), conferindo a matrícula, RG ou CPF do entrevistador, dados que podem ser solicitados pelo informante. Consulte os dados da PNAD no Sidra.