São Paulo, abril de 2024 Os Estados Unidos têm uma longa história de ser uma nação construída por imigrantes. De acordo com dados do censo americano analisados pelo Centro para Estudos Imigratórios (CIS, na sigla em inglês), a quantidade de imigrantes legais ou ilegais nos EUA atingiu 47,9 milhões em setembro de 2022. A entidade alerta que este seria o maior número já registrado na história do país. E esse movimento continua a desempenhar um papel crucial na economia, na cultura e na sociedade do país.
“Historicamente, os Estados Unidos (assim como toda a América) sempre precisaram de material humano para compor seu tecido social. Não é por acaso que a regra inclusiva do JUS SOLI foi criada. Em termos simples, ela determina que “você é cidadão nato do lugar no qual nasceu”, explica o advogado Gustavo Rene Nicolau, Mestre e Doutor pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e Mestre em Direito pela Universidade de Chicago. O advogado destaca que essa regra não se aplica na maior parte dos países europeus, por exemplo.
Licenciado nos Estados Unidos e no Brasil, Nicolau é considerado uma referência jurídica no assunto imigração e é sócio de um dos principais escritórios do segmento, o Green Card US, que já beneficiou milhares de pessoas nos últimos anos. “O crescimento absolutamente descomunal da economia dos Estados Unidos em comparação com o mundo, especialmente após a segunda guerra mundial, fez com que toda a mão de obra local fosse absorvida. E isso prossegue até os dias de hoje.”
O especialista lembra ainda que uma economia de 24 trilhões de dólares precisa de muita mão de obra qualificada. “Adicione a isso o fato de que menos de 30% dos americanos concluem faculdade e chega-se à conclusão de que a única solução é importar mão de obra. Não é por acaso que republicanos e democratas se alternam no poder, mas a imigração de pessoas qualificadas segue firme há mais de 100 anos.”
Pilar do crescimento econômico
A imigração é um elemento fundamental na economia americana. Dados da Comissão de Orçamento do Congresso Americano estimam que 5.2 milhões de imigrantes entrarão legalmente na força de trabalho dos EUA na próxima década. Nesse período, isso deve gerar aumento de 2% no Produto Interno Bruto (PIB) e incremento de 7 trilhões de dólares na economia.
As áreas de STEM são as que a imigração americana mais precisa de profissionais. A sigla representa os campos de ciências (aí incluídos todos os profissionais ligados à saúde); Tecnologia, Engenharia e Matemática. Esses setores são profundamente dependentes da imigração para se desenvolver e florescer. Não por acaso, grandes nomes da indústria são imigrantes.
Para o Dr. Nicolau, dizer que a imigração é criticada por tirar empregos de americanos é um pensamento simplista. “Primeiramente, não faltam empregos. Faltam empregados. Segundo: um profissional qualificado, de alto nível, gera empregos abaixo dele. Com isso, atrai novos negócios, impostos, taxas, circulação de mercadorias, de capital e mais trabalho. O ciclo é virtuoso.”