O rotativo do cartão de crédito tem sido a principal causa do endividamento da população brasileira, que usa o limite do cartão como extensão do salário. Um erro fatal já que os juros são compostos e chegam a 15% ao mês, considerada a maior taxa do mercado. Hoje o total que a população brasileira deve no rotativo passa de 77 bilhões de reais.
Autoridades vêm discutindo a melhor forma de diminuir os juros do rotativo de 15% ao mês, para uma taxa perto dos 9% e que o crédito vá direto para um parcelamento ou criar algum tipo de tarifa para desincentivar esse financiamento.
Os juros altos e orçamentos apertados das famílias brasileiras levaram ao aumento da inadimplência dos brasileiros que optam por pagar o cartão de crédito de forma parcelada. Segundo os dados do Banco Central, em junho (2023), a inadimplência desse tipo de crédito é de quase 50%. “Os brasileiros estão superendividados, não conseguem liquidar as suas faturas e nem colocar a vida financeira em dia. O rotativo é um produto completamente insustentável”, explica Fernando Lamounier, educador financeiro.
Se o número de endividados no Brasil aumentar teremos uma crise de crédito. Certo pedaço do mercado de crédito pode ficar travado como ficou nos EUA, com a crise de 2008. Quem gostaria de comprar uma casa ou um imóvel não iria conseguir porque o mercado estava travado. Logo, isso já está começando a acontecer no Brasil, principalmente se nada for feito por esses endividados. Os números de créditos estão diminuindo, as instituições recebendo cada vez menos desses inadimplentes e com isso a economia do país enfrentará fases complicadas.
Documento do próprio Banco Central mostrou que hoje, no Brasil, tem 2 cartões por pessoa economicamente ativos. Além disso, a taxa de juros para pessoa física e para empresa passou de 43,5% para 44,2% ao ano. É o índice mais alto desde agosto de 2017. Hoje, no Brasil, há 190 milhões de cartões de crédito para uma população economicamente ativa de 107 milhões. Então, o número de cartões é muito maior que o número de pessoas.
Lamounier aponta que a modalidade é vista como um valor adicional ao orçamento mensal dos brasileiros e os juros pioram o cenário. “As pessoas vêm utilizando o cartão de crédito para compras do dia a dia e a capacidade de parcelamento levou-as a acreditar que ao dividir uma compra a dívida fica menos, quando na realidade, antecipa as dívidas do próximo mês”, aponta.
Atualmente, o mercado oferece o parcelamento da fatura do cartão de crédito. Os juros dessa linha precisam estar abaixo daquele cobrado no rotativo, mesmo assim ainda são altos, perto dos 200%. O Índice de pessoas que não pagaram o parcelamento do cartão também é grande. Em junho chegou a 10%. É o maior nível em 12 anos desde a sua aprovação.
Soluções em curto prazo vão gerar um desentupimento parcial do crédito. Além disso, Lamounier ressalta que solucionando o problema do rotativo, o número de endividados deve diminuir, aumentando assim o consumo saudável e contínuo das famílias brasileiras.