Apesar do aumento do custo de vida, apenas 43% dos consumidores se mostram preocupados com a possibilidade de suas finanças pessoais piorarem nos próximos meses. Em comparação, 80% expressaram essa preocupação no último ano. Essa constatação é proveniente da terceira edição do relatório anual de tendências de consumo da Capgemini, intitulado ‘What Matters to Today’s Consumer’.
Mesmo sem grandes preocupações com o custo de vida, os consumidores preferem aquelas varejistas mais acessíveis. Ou seja, 70% dos clientes preferem comprar em estabelecimentos que ofereçam descontos para a aquisição de seus produtos. Além disso, 73% afirmam que serão mais leais a empresas que se solidarizam em momentos difíceis, e quase a mesma proporção disse que compraria mais produtos/serviços dessas empresas no futuro.
“Embora as preocupações dos consumidores tenham diminuído este ano, eles continuam prudentes em relação aos gastos e não estão dispostos ou capazes de gastar mais. É crucial que os varejistas transformem as suas operações, a fim de repercutirem os benefícios em termos de custos aos consumidores, que são cada vez mais seletivos na escolha de produtos e marcas”, afirma Lindsey Mazza, líder global de Varejo do Grupo Capgemini.
A Capgemini entrevistou 11.681 pessoas em 11 países da América do Norte, Europa e Ásia-Pacífico para o estudo, e destas, 65% esperam que os vendedores as informem quando as marcas reduzem o peso ou a qualidade de um produto, mantendo o preço inalterado – fenômenos comumente reconhecidos como shrinkflation e skimpflation, respectivamente.
Uso de IA generativa para aprimorar experiência
O estudo revela que as crescentes e contínuas pressões inflacionárias estão moldando as expectativas dos varejistas em relação aos consumidores, seus hábitos de consumo e os canais que estão explorando. Além disso, aponta que a Inteligência Artificial (IA) generativa, que tem se tornado muito utilizada pelos consumidores em suas compras, pode também ajudar a melhorar a eficiência operacional dos varejistas e aprimorar a experiência do cliente.
“Os varejistas precisam repensar estratégias operacionais e adotar soluções inovadoras, como IA, automação, Internet das Coisas (IoT) para permitir detecção de demanda mais inteligente, previsão sem toque, opções de atendimento eficientes e oferecer melhor interatividade ao consumidor. Tudo isso oferece oportunidades para reduzir o custo dos produtos vendidos e desbloquear o crescimento entre canais”, destaca Lindsey.
De acordo com o relatório, 72% dos consumidores têm consciência do uso de IA generativa em experiências de compra, e cerca de 20% já a utilizaram durante suas compras. Mais da metade desses consumidores afirmam que as ferramentas generativas de IA melhoraram significativamente a experiência de compra. O relatório destaca a necessidade de abordar as preocupações sobre o possível uso indevido da IA generativa, especialmente em relação à produção de depoimentos e avaliações falsas ou enganosas, que preocupam cerca de dois terços dos consumidores.
Por outro lado, quase oito em cada dez empresas de varejo acreditam que o uso da IA generativa pode aprimorar as operações internas e as instalações de manutenção. Essas empresas também planejam implementar a IA generativa em funções logísticas, como otimização de rotas, gerenciamento de operações e otimização da cadeia de suprimentos, visando a adaptação ágil às mudanças nas preferências do consumidor.
Influencers
As redes sociais estão desempenhando um papel cada vez mais crucial não apenas na descoberta de produtos, mas também estão se tornando a plataforma preferida para compras, especialmente, entre as gerações mais jovens.
Mais da metade dos consumidores que realizam compras em redes sociais procuram a orientação de influenciadores, alegando que eles oferecem uma análise clara dos fatores a serem considerados antes de efetuar uma compra. Uma proporção semelhante de consumidores, que também compra em redes sociais, procura influenciadores para obter descontos e ofertas.
Engajamento ESG
Consumidores buscam informações detalhadas sobre a sustentabilidade dos produtos antes de comprar, incluindo impactos na biodiversidade, qualidade do ar e recursos hídricos. Mais da metade desconfia das alegações de sustentabilidade das empresas. Fornecendo dados completos sobre o impacto ambiental, a maioria dos consumidores consideraria mudar para produtos mais sustentáveis.
Eles esperam que as marcas desempenhem um papel ativo em sua educação, com 63% desejando isso. Quase metade apoia a inclusão de rótulos detalhados e códigos QR nas embalagens para informações sobre carbono, pegada hídrica e reciclagem.
Por M&C
Foto: Shutterstock