A continuidade do saque-aniversário do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) está no centro de um acirrado debate público. Desde o início do governo, o Ministério do Trabalho tem mantido sua postura de extinguir essa modalidade, apesar dos números indicarem que sua manutenção pode ser benéfica para milhões de trabalhadores e para a economia. O embate reflete uma tendência contemporânea: a predominância de narrativas que, em muitos casos, desconsideram dados concretos em favor de discursos ideológicos.
O saque-aniversário, que permite que o trabalhador retire anualmente parte do saldo de sua conta no FGTS, foi amplamente adotado pela população. “Segundo dados recentes, 131 milhões de trabalhadores possuem saldo no FGTS, sendo 47 milhões com carteira assinada. Desses, 35 milhões aderiram ao saque-aniversário, e 63% dos que utilizaram a modalidade realizaram antecipação via crédito consignado”, explica Edison Costa, presidente da Associação Nacional dos Profissionais e das Empresas Promotoras de Crédito e Correspondentes no País (Aneps).
Os números demonstram que a modalidade movimenta a economia de maneira significativa. Desde a sua implementação, foram injetados R$ 45 bilhões na economia, sendo R$ 30 bilhões provenientes das antecipações. Mais de 70% dos recursos foram destinados ao pagamento de dívidas em atraso, beneficiando especialmente trabalhadores com restrições financeiras, que teriam dificuldade de acessar outras linhas de crédito convencionais. Além disso, pesquisas indicam que mais de 80% dos participantes são favoráveis à continuidade do saque-aniversário, que eles veem como uma ferramenta de emergência sem impacto direto na renda mensal.
Apesar desses dados, o Ministério do Trabalho insiste na extinção da modalidade, alegando que ela poderia prejudicar o financiamento habitacional, um argumento que carece de evidências concretas. O saldo total das contas do FGTS aumentou desde a criação do saque-aniversário, passando de R$ 490 bilhões para R$ 570 bilhões, refutando a tese de que o fundo estaria sendo drenado.
O tema já foi debatido em audiências públicas na Câmara dos Deputados, sem a repercussão esperada pelo governo. No entanto, declarações recentes indicam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria alinhado com a decisão de encerrar o saque-aniversário, o que levanta questionamentos sobre se ele está sendo adequadamente informado sobre os impactos positivos da modalidade.
“Enquanto isso, trabalhadores, os verdadeiros donos das contas do FGTS, continuam sem liberdade de escolha, submetidos a uma tutela estatal que ignora os benefícios práticos que o saque-aniversário tem proporcionado”, finaliza Costa.