A fabricante europeia de aeronaves Airbus anunciou esta semana que irá renovar toda a frota de navios fretados que transportam subconjuntos de aeronaves entre instalações de produção na Europa e nos Estados Unidos.
A substituição será gradual, começando em 2026, com a entrada em operação de três novos navios de propulsão assistida pelo vento e motores bicombustível.
O objetivo é reduzir pela metade o consumo de combustível e as emissões de CO2 da frota transatlântica da empresa até 2030, em comparação com 2023.
A empresa calcula que as novas embarcações – construídas e operadas pela Louis Dreyfus Armateurs – serão capazes de reduzir as emissões médias anuais de 68 mil para 33 mil toneladas de CO2.
Os navios contarão com seis rotores Flettner, que geram impulso com a ajuda do vento, juntamente com dois motores bicombustível que funcionam com óleo diesel marítimo e e-metanol.
Além disso, um software de roteamento otimizará a jornada dos navios pelo Atlântico, maximizando a propulsão pelo vento e evitando causado por condições adversas do oceano.
Essa renovação da frota também apoia a ambição da Airbus de aumentar a produção da família A320 – mais eficientes e prontas para usar combustível sustentável – para 75 aeronaves por mês até 2026.
Cada um dos novos navios transatlânticos terá a capacidade de transportar cerca de 70 contêineres de 40 pés (12 metros) e seis conjuntos de submontagem de aeronaves de corredor único – asas, fuselagem, pilones do motor, planos de cauda horizontal e vertical. Os navios de carga atuais transportam de três a quatro conjuntos.
“A renovação de nossa frota marítima é um grande passo na redução de nosso impacto ambiental”.
afirma Nicolas Chrétien, chefe de Sustentabilidade e Meio Ambiente da Airbus
A fabricante europeia tem meta de reduzir suas emissões industriais globais em até 63% até o final da década, em comparação com o ano base de 2015
Descarbonizar o frete marítimo é uma tarefa difícil. A frota global atual é dependente de combustíveis de origem fóssil e as alternativas renováveis ainda precisam ganhar escala, chegar aos portos e ganhar competitividade.
Entre as apostas de quem está investindo na substituição de frota estão os derivados de hidrogênio verde: amônia e metanol.
Caso também da Airbus, que pretende ir aumentando a mistura do e-metanol (uma combinação de hidrogênio verde e dióxido de carbono capturado) ao longo do tempo, conforme o combustível for se tornando mais acessível.
No horizonte até 2040, cada um dos novos navios deve reduzir suas emissões em mais cinco mil toneladas de CO2 por ano com o aumento do uso do combustível sustentável combinado às velas mecânicas.
Experimentando
O momento é de experimentação e formação de parcerias. Adotar novas energias significa um alto volume de investimentos – desde pesquisa até a formação de redes de abastecimento, passando pela atualização da frota e estruturação de toda uma indústria de combustíveis de baixo carbono.
Um levantamento do Global Maritime Forum com empresas de navegação que representam 20% do mercado mostra que a indústria já reconhece a necessidade de preparar suas frotas para operar simultaneamente com óleo combustível/biodiesel, metano, metanol e amônia — uma mudança radical na diversidade do abastecimento.
Atualmente, 46% das empresas pesquisadas (12 entrevistados) dizem que já executaram programas-piloto envolvendo um ou mais combustíveis de baixo carbono e estabeleceram planos para implementação futura.
Outros 35% (nove entrevistados) não tomaram nenhuma atitude neste sentido.
Por Nayara Machado/epbr