A primeira parte da obra de restauração do complexo Boothline foi inaugurada na manhã de hoje e promete fomentar o comércio no local e também resgatar uma parte da história do centro de Manaus. A obra teve a autorização e fiscalização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) contemplando serviços como a realização de limpeza das fachadas e porões, retirada de entulho, instalação de cobertura provisória para proteger as alvenarias remanescentes e colaborar com o travamento das estruturas, avaliação estrutural elaborada por responsável técnico, bem como o acompanhamento arqueológico.
A superintendente do IPHAN no Amazonas, Beatriz Calheiro, destacou que o diálogo foi fundamental para que o projeto tenha se tornado uma realidade. “O Boothline é um exemplo de que é possível haver projetos bem sucedidos dentro dos critérios de tombamento do Centro Histórico. É possível preservar, conservar, mas também garantir um desenvolvimento que gere renda para a população”, disse.
O proprietário do imóvel, Elias Tergilene, disse que apesar de ‘exigente’, o IPHAN tem contribuído para as obras de restauro de empreendimentos como o do Boothline, no centro de Manaus. “(O IPHAN) Tem uma equipe técnica muito boa, que conhece a história. Nós não somos daqui. Essa parceria público-privada envolve muito a participação do IPHAN e da arqueologia aqui dentro”, ressaltou.
História
O denominado “Complexo Booth Line” trata-se das ruínas de um conjunto arquitetônico eclético de edificações comerciais e institucionais construídas na virada do século XIX para o século XX durante o apogeu do Ciclo Econômico da Borracha no Amazonas. O conjunto abrigou a sede de companhias de transporte (navegação e bondes), dentre elas a empresa Booth Line, sede do Tribunal de Contas do Estado além de lojas, bares e restaurantes.
Os serviços de limpeza e retirada de entulho recuperam os antigos porões das edificações, áreas conectadas com usos a serem identificados a partir do aprofundamento da pesquisa histórica e levantamento arquitetônico.
O local funcionou ativamente até a década de 1980 e ficou abandonado desde então, se transformando em ruínas.
De acordo com Elias, a intenção do grupo é transformar o complexo Boothline no Mercado de Origem, nos moldes do que já existe em Belo Horizonte, mantendo a fachada do complexo preservada.
“É importante a requalificação dessa área, é um lugar da história, da memória, da identidade, da formação da nossa cidade, um lugar onde a nossa população se organiza, seja para acessar outros municípios, seja para acessar os seus lugares de compra, onde ela consegue também vir aos seus serviços, antes era tudo concentrado aqui. E principalmente as pessoas conhecerem para ver que aquilo que a gente tem na nossa cidade tem valor”, afirmou a superintendente do IPHAN no Amazonas.