A arte e o legado de Maria Callas foram honrados na noite deste sábado (22/04), no palco do Teatro Amazonas, na segunda noite do 25º Festival Amazonas de Ópera. Um recital com as principais árias cantadas pela soprano que revolucionou o canto lírico foi executado sob a direção do maestro Marcelo de Jesus, que também executou as árias ao piano, enquanto um time das melhores vozes do canto lírico brasileiro se apresentou para uma plateia lotada.
O Festival Amazonas de Ópera é uma realização do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC), com patrocínio master do Bradesco e apoio cultural do Grupo Atem, além da aprovação na Lei de Incentivo à Cultura.
Fã incondicional de Callas, o maestro Marcelo de Jesus não titubeia ao afirmar que trata-se da maior cantora lírica de todos os tempos. “Ela foi a grande responsável por transformar a ópera no que a gente conhece hoje. Tem a era pré-Callas e pós-Callas”, afirma o maestro. “Ela resgatou uma tradição da escola antiga, que é a do drama, onde as palavras não eram apenas cantadas, mas eram declamadas, com toda a sua potência. O amor não era simplesmente amor, era amor com todas as cores possíveis. O ódio era como algo de você sentir medo”, explica o maestro.
Marcelo de Jesus continua: “Essa era a grande característica de Maria Callas: você conseguir, em uma ária que as pessoas já conhecem bastante, ouvir cores, intenções e sons diferentes”, afirma. De acordo com o maestro, Maria Callas é a verdadeira “soprano absoluta”. “Ela assumiu papéis de soprano lírico, coloratura e dramático, também cantou como mezzo-soprano. E essa diversidade pôde ser conferida no recital Maria Callas do 25º Festival Amazonas de Ópera”, define.
No hall do Teatro Amazonas, o público também pôde conferir uma exposição em homenagem a Callas. Segundo o maestro, são objetos de seu acervo pessoal, que reúne livros, fotos, cartas, quadros, CDs, DVDs e discos em vinil, que trazem momentos memoráveis da diva do canto lírico.
Amazonas presente
Única amazonense dentre as cantoras que participaram do recital, Dhijana Nobre foi bastante aplaudida pelo público presente. Ela ingressou no Coral do Amazonas, um dos corpos artísticos do Teatro Amazonas, em 2006. E participa do Festival Amazonas de Ópera como solista desde 2014.
“A gente vem de uma amostragem de trabalho bem feito. Os maestros nos conhecem, confiam no nosso trabalho, que a gente vem desenvolvendo há tantos anos”, afirma Dhijana, que começou a cantar na igreja, por ser filha de um pastor. “Depois eu fui estudar canto fora, voltei e, desde então, eu ofereço minha arte e minha vida ao Coral do Amazonas e ao Liceu de Artes e Ofícios Cláudio Santoro, onde eu ensino crianças e jovens a cantar”, relata a cantora.
Dhijana também considera Maria Callas a maior cantora lírica do século XX e credita ao maestro Marcelo de Jesus o conhecimento aprofundado que tem sobre a cantora. “O maestro Marcelo de Jesus é o maior fã dela. Ele nos mostrou o trabalho dela e nos ensinou a gostar da arte dela. Fazer uma homenagem à Maria Callas no festival de ópera é um privilégio pra mim”, diz.
O Festival Amazonas de Ópera também cumpre sua função de formação de plateia e educação do público. Lene Maia, por exemplo, entrou no Teatro Amazonas pela segunda vez na vida neste sábado (22/04). Foi com a filha Jéssica Maia ao recital Maria Callas, em virtude da programação ser gratuita. “Só sei que é ópera”, disse, acrescentando que nunca havia ouvido falar em Maria Callas. Certamente saiu da Casa de Ópera com mais informação do que quando chegou.