A obra “Curumim, O Último Herói da Amazônia em busca da Flor da Vida” é um dos destaques da 25ª edição do Festival Amazonas de Ópera (FAO) e estreia neste sábado (13/05) e domingo (14/05) no Teatro da Instalação, às 19h e 16h, respectivamente. A entrada é gratuita.
O personagem Curumim habita o imaginário de diversas gerações amazonenses que ganhavam, aos domingos, narrativas de representatividade com um herói local que através das suas aventuras unia entretenimento e conscientização socioambiental. Os quadrinhos são de autoria do jornalista e cartunista amazonense Mário Adolfo, que iniciou as publicações da obra no jornal A Crítica no ano de 1983. O musical infantil também foi escrito por ele, assim como as músicas, compostas em parceria com Zeca Torres.
“Já escrevi a história com as letras das músicas, que ficaram guardadas por mais de 20 anos. Até que resolvi repassar para o Torrinho (Zeca Torres), com quem estudei no Colégio Pedro II e depois Jornalismo na Ufam. Sempre nos entendemos muito bem nas questões políticas, quadrinhos, charges e música”, relembra Mário Adolfo.
Curumim e sua turma saem das páginas da mídia tradicional e passam a escrever um novo capítulo de sua história agora nos palcos e na arte com produção da Companhia de Teatro Metamorfose e direção de Socorro Andrade e Francisco Mendes.
“É muito importante fazer parte desse momento, com este tema. Com tantos problemas que existem na Amazônia, com os Yanomamis sofrendo também com a poluição dos rios, se torna relevante levar esse debate de forma lúdica e educativa para o público”, afirma Socorro que também considera a inclusão de espetáculos infantis importante para o Festival Amazonas de Ópera.
Vínculo com a Cidade
A jornalista Aruana Brianezi veio ainda criança morar em Manaus e o Curumim é um personagem que marcou sua infância no processo de adaptação à nova cidade com sua família. As memórias da leitura acompanham a profissional, que atualmente trabalha na Rede Calderaro de Comunicação como diretora de conteúdo do jornal e portal A Crítica.
“Morava no São Raimundo, numa casa com vista pro rio, num barrancão e ele também me ajudou no processo de criar uma identidade pra mim a partir dessa mudança, entender pra onde eu estava vindo (…) Já moro aqui há mais de 30 anos e já me considero manauara e amazonense, mas naquela época não era assim”, relembra Aruana, que conheceu o Curumim através de José Rocha, amigo de sua mãe, que trabalhava no suplemento infantil do jornal à época.
A relação do ser humano com a natureza, as emergências climáticas e a valorização dos povos originários são algumas das pautas que transversalmente são trabalhadas na obra de Mário Adolfo. De forma lúdica e didática, o Curumim retorna ao repertório cultural do amazonense num momento importante no qual as gerações atuais fazem a retomada de histórias e ancestralidades que remontam ao período anterior à colonização portuguesa.
“É importante você ver o amazonense ali, enxergar suas raízes. Tem um personagem que é peixe que acompanha o Curumim que é um jaraqui, é um quadrinho que tem elementos da sua vida, ver a sua vida ali é importante pra você se identificar e a mensagem que ele passa chega muito mais fácil do que ler algo que tem neve, por exemplo. Quando uma criança que mora no Amazonas vai conseguir se ver ali?”, questiona a jornalista.