Rico em mitos e lendas, o folclore brasileiro mescla culturas nativas e estrangeiras para formar uma grande coleção de criaturas que habitam a imaginação de brasileiros de todas as idades.
Personagens das tradições europeia, africana e até oriental foram incorporadas às narrativas indígenas, oriundas das histórias orais contadas pelos povos da floresta. Histórias ora assustadoras, ora divertidas e fascinantes, sempre repletas de significado e de tradição.
Do coração das matas e dos rios surgem seres fantásticos bem conhecidos, como Boto, Saci, Curupira e Iara. Mas a imensidão do país abarca histórias e personagens menos famosos, como Buopé, Poronominare e Janaí.
A escritora e pesquisadora Januária Cristina Alves, autora do livro Abecedário de personagens do folclore brasileiro (FTD Educação e Edições Sesc), indica cinco lendas indígenas pouco conhecidas e destaca a importância de mergulharmos mais profundamente na mitologia indígena.
“Em um mundo em que temos visto como é fácil calar e silenciar pessoas, tradições e histórias, é fundamental conhecermos as narrativas que pertencem aos povos originários. Elas falam de nós, da nossa identidade cultural, portanto nos fortalecem e empoderam. As narrativas indígenas são absolutamente necessárias para que a gente se reconheça e se reconecte com a nossa potência como povo brasileiro”, destaca Januária Cristina Alves.
A seguir, conheça cinco lendas indígenas para descobrir e contar para as crianças, representadas pelas ilustrações do designer e ilustrador Berje no livro Abecedário de personagens do folclore brasileiro.
Buopé
O rio Caiari, maior afluente do rio Negro, no Amazonas, é chamado de Buopé em homenagem a esse personagem lendário. Conta-se que ele era o invencível chefe indígena dos Tariana e que guiou seu povo em muitas guerras, derrotando todos os inimigos. Porém, era um guerreiro generoso com seus inimigos: poupava os velhos, crianças e mulheres e nunca os humilhava. Tanto que seus adversários frequentemente tornavam-se seus amigos. Dizem que o soberano dos Tariana deve ter vivido no fim do século XVII.
Janaí
É um macaco noturno com cara de coruja, comedor de frutas e de insetos. Um macaco inquieto, buliçoso, ligeiro que anda de noite — por isso é também conhecido como Macaco da Noite ou Macaco da Meia Noite — pulando de galho e galho e ataca as criancinhas, bebendo o sangue delas. Ele tem os cabelos e olhos vermelhos, mas as genitálias e os ossos são azuis.
Mãe da Mata
Todos os seres da fauna e da flora são regidos por este duende chamado de Mãe da Mata pelos indígenas brasileiros. Mas quem tem medo dela são os mestiços e brancos. Pois diz-se que os trabalhadores, ao saírem de seus acampamentos na mata, desatam as redes ou desarmam as camas com medo de a Mãe da Mata ali colocar gravetos envenenados que fazem a pessoa dormir profundamente, sujeitando-a aos perigos da floresta.
Poronominare
Bem-humorado, malicioso, sem escrúpulos, senhor dos animais e das árvores, falante de várias línguas. Em suas aventuras, Poronominare sempre vence, é muito esperto e astucioso, mas vingativo com quem lhe faz mal. É um personagem famoso na Amazônia, especialmente na região do Rio Negro.
Uaiuara
A palavra uaiuara significa em tupi-guarani “o que chega de repente”, ou seja, algo próximo de uma “assombração”. Dizem que o Uaiuara aparecia aos índios sob a forma de um cão bem grande e gordo, com orelhas bem compridas e que abanam o tempo todo. Isso sempre ocorre por volta da meia-noite, o que também faz que essa personagem seja comparada ao Lobisomem.
Serviço:
Abecedário de personagens do folclore brasileiro
Editora: FTD Educação e Edições Sesc São Paulo
Autora: Januária Cristina Alves
Ilustrações: Berje
Número de páginas: 416 páginas
Formato: 16 cm x 23 cm
Sobre a autora
Januária Cristina Alves é mestre em Comunicação Social pela ECA-USP, jornalista, educomunicadora, infoeducadora, storyteller e autora de mais de 50 livros infantojuvenis. Foi duas vezes vencedora do Prêmio Jabuti (categoria Didático e paradidático) e agraciada com um Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos e um Prêmio Abril de Jornalismo. É autora do livro Abecedário de personagens do folclore brasileiro (FTD Educação e Edições SESC), finalista do Jabuti em 2018, de Heróis e heroínas do cordel (Companhia das Letras), e coautora dos livros Como não ser enganado pelas fake news, com Flávia Aidar, e #Xôfakenews: uma história de verdades e mentiras, com Mauricio de Sousa. É pesquisadora de cultura popular brasileira, com ênfase nas tradições orais do folclore brasileiro. Ministra cursos, workshops e oficinas de educação midiática, educação literária e storytelling destinados a educadores, crianças e jovens.
Sobre a FTD Educação
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