O evento terá participação da diretoria da Funarte, Academia Brasileira de Música e representantes de casas de ópera ibero-americanas
Manaus será sede da 16ª Conferência Anual da Ópera Latinoamérica (OLA), um encontro inédito no Brasil, para discutir os desafios da produção de ópera na América Latiana, modelos de gestão, possibilidades de coprodução e circulação de óperas na região ibero-americana. Estes e outros assuntos serão abordados em palestras e painéis que estarão na agenda do evento, que acontece entre os dias 17 e 21 de maio, no Centro Cultural Palácio da Justiça, no Centro da cidade.
Realizada no contexto do 25º Festival Amazonas de Ópera, a conferência na capital amazonense terá a participação da cúpula da Ópera Latino América, a maior rede de teatros da América Latina e Espanha, além de nomes de expressividade no campo artístico, cultural e econômico, entre os quais, a Chefe de Economia Criativa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em Washington (EUA), Trinidad Zaldivar; o presidente da Academia Brasileira de Música (ABM), André Cardoso; o coordenador artístico da Orquestra Sinfônica Brasileira, Nikolay Sapoundjiev; secretários de cultura, turismo e profissionais da imprensa nacional e internacional.
Será a maior Conferência Anual da Ópera Latinoamérica desde a sua criação, há 16 anos. É a primeira vez que a OLA abre sua conferência para a participação de não membros da rede de teatros de ópera. A participação de pessoas que fazem parte do mercado da música lírica brasileira será admitida.
Manaus, representada pelo Teatro Amazonas, é membro-fundador da OLA e, em 2022, passou a integrar o diretório dos sete teatros que comandam a instituição, fazendo parte da cúpula da agremiação.
A OLA é realizada em Manaus com apoio do Governo do Estado do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. O titular da pasta, Marcos Apolo Muniz, acredita que o encontro representa um marco no estado, sendo o primeiro do Brasil a receber uma conferência do gênero, com grande relevância cultural e artística. “Temos a honra de receber a conferência da OLA e poder trocar experiências com diferentes casas líricas do Brasil e do exterior, além de mostrar o trabalho que o Governo do Amazonas vem realizando no âmbito cultural”, revela o secretário.
Fábrica de Cultura
Segundo Marcos Apolo, o estado do Amazonas é uma “fábrica de cultura”, representada por sete corpos artísticos, muitos deles que se formaram e prosperaram com o Festival Amazonas de Ópera. “A Amazonas Filarmônica é uma das orquestras mais respeitadas do Brasil, o Coral do Amazonas é formado por mais de 50 coralistas amazonenses e o Liceu de Artes e Ofício Claudio Santoro concentra mais de seis mil alunos matriculados em cursos de música, dança e teatro”, pontua Apolo, ressaltando o fomento da economia criativa, geração de emprego e renda proporcionada pela crescimento do cena lírica no estado.
Desde a criação da OLA, em 2007, todos os anos os representantes dos teatros líricos pertencentes à organização – mais de 40 instituições da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Espanha, México, Peru, Uruguai e Venezuela – se reúnem para abordar conjuntamente os desafios e tendências do setor.
A Conferência Anual de Manaus dará continuidade às diretrizes traçadas, ano passado, no Encontro Ibero-Americano de Teatros, realizado no Gran Teatre del Liceu e organizado em conjunto com a “Ópera XXI” – organização de entidades espanholas ligadas à ópera – e na última conferência, realizada no Teatro Colón em Buenos Aires.
A diretora executiva do FAO, Flávia Furtado, coloca o foco no ineditismo do evento em Manaus e as novas formas de prosperar as atividades operísticas: “Os 25 anos do FAO acontecem justamente no momento em que o setor de ópera e música de concerto está se estruturando no Brasil e podemos comemorar as conquistas com todos os nossos parceiros latino-americanos nesta primeira Conferência Anual da OLA em nosso país. Trocar experiências com nossos vizinhos muda a visão sobre o potencial do mercado de ópera ao nosso redor e em todo o mundo”, revela Flávia que, neste ano, comanda títulos como “O Contractador dos Diamantes”, de Francisco Mignone, “Anna Bolena”, de Gaetano Donizetti; “Piedade”, de João Guilherme Ripper e “Peter Grimes”, de Benjamin Britten.
Inovação e trabalho em rede
O trabalho em rede é o cerne da gestão da OLA, ou seja, colocar em contato teatros, festivais, companhias e agentes de diferentes países para partilhar modelos de gestão, boas práticas e experiências que possam ser úteis, sob diferentes ângulos, aos membros da rede.
Nesse sentido, durante a Conferência Anual em Manaus, especialistas de diferentes entidades – Banco Interamericano de Desenvolvimento, Universidade de Guadalajara, consultoria Teknecultura e IE University – compartilharão seus conhecimentos sobre modelos de gestão baseados em análise de dados.
O financiamento também é um tema relevante para os teatros, cuja receita provém – em diferentes proporções – de recursos próprios, contribuições públicas e privadas. Uma das conversas do encontro permitirá conhecer as motivações de algumas empresas para investir na cultura e outra abordará a filantropia.
Outro eixo fundamental do trabalho da OLA é promover a colaboração dos teatros na concepção da programação artística, nomeadamente na circulação e coprodução de espetáculos, uma vez que neles convergem elementos importantes para a gestão teatral do século XXI: a realização de produções líricas e de artes de forma colaborativa é mais sustentável em termos de gestão – já que permite reduzir custos – além de permitir que seja programada a mesma produção em mais de um palco de um país ou região.
Nesse sentido, na 16ª Conferência Anual serão apresentados painéis como “A produção e circulação da ópera na Ibero-América” ou “Melhores práticas de produção”, nos quais participarão os diretores dos espaços ibero-americanos que fazem parte da OLA. Também serão apresentados os próximos projetos artísticos que poderão circular ou ser coproduzidos.