O espetáculo “Traços”, uma obra que entrelaça memórias ancestrais e identidade cultural, estreia no dia 5 de abril, às 19h, no Teatro da Instalação (Rua Frei José dos Inocentes, s/n, Centro de Manaus), com uma segunda sessão no dia 6, às 18h. A apresentação criada pela artista, produtora e gestora cultural, Francis Baiardi, convida o público a explorar as linhagens que moldam sua existência. Sofia Mululo, filha de Francis, compartilha o palco com a mãe em uma apresentação emocionante. Um encontro de gerações.
Além das apresentações no Teatro da Instalação, o espetáculo também será apresentado para os alunos do CIME – Centro Integrado Municipal de Ensino Dra. Viviane Estrela (Av. Comendador José Cruz, s/n, Lago Azul), na Zona Norte de Manaus, no dia 11 abril, às 14h, e no Centro de Artes da Universidade Federal do Amazonas – CAUA (Rua Monsenhor Coutinho, 724, Centro), nesse mesmo dia, às 20h. Todas as apresentações são gratuitas, classificadas como livre e contam com acessibilidade.
Programação
Antes da estreia oficial, Francis e Sofia participam de ensaios abertos exclusivos para convidados. Após cada apresentação haverá uma roda de conversa aberta ao público, visando fomentar a reflexão e o diálogo sobre a história, memória afetiva e identidade cultural.
Essa iniciativa busca promover a aproximação objetiva e reflexiva do tema, envolvendo o público de diferentes classes sociais em um espaço de discussão e compartilhamento de experiências.
Encontro de gerações
A obra “Traços” nasce da reflexão e inquietação da artista sobre as histórias que atravessam seu corpo, como a memória de sua bisavó materna, uma mulher mestiça, que reverbera nas experiências de sua mãe, filhas e netas. Essa investigação cênica é uma imersão profunda nas vivências de duas artistas amazônicas, mãe e filha, com idades e trajetórias distintas, ambas criadas no Amazonas e dedicadas à arte do movimento.
Francis compartilha a emoção em estar no palco com Sofia. Ela destaca o significado desse momento, no qual pode viver seu ofício artístico ao lado da filha.
“É um presente vivo compartilhar esse momento com a Sofia. Com 38 anos de carreira, sinto-me privilegiada em compartilhar meu ofício artístico com a minha filha. E eu digo que é privilégio porque não é toda bailarina que consegue estar no palco com seu filho ou filha, né? É um presente dos ancestrais, um presente de Deus”, celebra Baiardi.
O processo criativo
Ismael Farias, assistente de direção e preparador vocal, compartilha o papel crucial da preparação vocal e da técnica teatral no espetáculo. “Tenho buscado auxiliar a Francis, na assistência de direção, utilizando-me da minha visão a partir das técnicas de composição cênica, através do olhar teatral, pois em dois momentos são exploradas falas que potencializam e dão uma importante visão temática do espetáculo”.
“O trabalho de preparação vocal também foi feito utilizando técnicas que normalmente utilizamos para o teatro, e que visam, como pontos principais, uma boa dicção, articulação e projeção vocal. E, como Sofia, em determinado momento, canta uma música, também busquei auxílio nas técnicas utilizadas por Rafael Dantas, Ana Cascardo e Doris Beraldo, professores de canto, mesclando-as com músicas da cultura popular”, acrescenta o profissional.
Trilha Sonora
O trabalho de direção musical em “Traços”, realizado pela musicista Ká Seixas, exige sensibilidade e um olhar atento ao contexto da obra. Segundo ela, a trilha sonora precisa criar um ambiente que reflita a abordagem da ancestralidade, afetividade e outros temas presentes na peça.
“Para alcançar isso, criamos a trilha sonora cena por cena, observando e interpretando os movimentos das bailarinas. Ao compor a trilha, buscamos inspiração nos movimentos delas. Cada expressão é transformada em sonoridade, tornando o corpo uma partitura viva”, revela Seixas.
Conexão com as raizes
Para Sofia, este projeto é uma jornada profunda de conexão com suas raízes ancestrais, despertando uma consciência mais profunda sobre sua história e identidade. “A temática da obra é extremamente relevante, abordando tanto a ancestralidade negra quanto a indígena e as memórias que reverberam em meu corpo”, afirma Mululo, que se sente honrada em compartilhar o palco com sua mãe.
“É um privilégio imenso, pois ela não é apenas uma artista experiente e madura, mas também uma mulher forte e inspiradora que me motiva como filha, pessoa e artista. Sua presença é fundamental na construção da minha identidade, me fazendo acreditar que posso posso ir além e explorar todas as minhas capacidades”, conclui.
Este projeto foi contemplado pela Lei Federal conhecida como Lei Paulo Gustavo (LPG), Edital de Chamamento Público Manaus Identidade Cultural – Demais Linguagens/CONCULTURA.
FICHA TÉCNICA
Concepção e direção artística: Francis Baiardi
Intérpretes criadoras: Sofia Mululo e Francis Baiardi
Direção de arte: Augusto Vieira
Preparação vocal: Ismael Farias
Assistente de direção: Ismael Farias
Orientação Musical: Eliberto Barroncas
Direção Musical: Ká Seixas
Criação sonora: Ká Seixas, Samantha Silva, Elson Arcos e Paulo Pereira
Figurinista: Cybele Bentes
Ensaidora: Geiciane Viana
Cenografia: Juca Di Souza
Criação de luz: Ronaldo Aguiar
Preparação corporal: Control Pilates Studios
Realização e Produção: Avá Produção Cultural: Thyene Viana