No Dia Mundial da Síndrome de Down (21/03), a inclusão e a representatividade ganham ainda mais destaque. Em um mundo onde brinquedos e personagens nem sempre refletem a diversidade da sociedade, o amigurumi surge como uma forma delicada e poderosa de trazer mais identificação e acolhimento. A técnica japonesa de crochê, conhecida por transformar fios em bonecos encantadores, agora se adapta para criar representações realistas de pessoas com Síndrome de Down.
Os amigurumis inclusivos têm traços característicos, como olhos amendoados, rostos mais arredondados e sorrisos expressivos, que refletem com carinho as feições de quem tem a trissomia do cromossomo 21. Essas criações vão além da estética: são uma forma de mostrar para crianças e adultos que cada indivíduo tem sua beleza única e que a inclusão pode estar presente em cada detalhe. O movimento de adaptação dessas peças tem conquistado artesãos ao redor do mundo, fortalecendo o conceito de um artesanato mais representativo e acolhedor.
“Cada ponto do amigurumi carrega uma história e uma intenção. Quando criamos bonecos inclusivos, estamos mostrando para o mundo que todas as pessoas merecem ser vistas e valorizadas. Para muitas crianças, se reconhecer em um brinquedo pode fazer toda a diferença na autoestima e no sentimento de pertencimento”, destaca Ju Sanches, professora de amigurumi que já formou mais de 7 mil alunas na técnica.
Além do impacto emocional e social, a produção de amigurumis inclusivos também pode ser uma excelente oportunidade de negócio para artesãos. Com um mercado cada vez mais atento à diversidade, oferecer bonecos personalizados e representativos pode ser um grande diferencial. Segundo Ju Sanches, o interesse por amigurumis que representam pessoas reais tem crescido nos últimos anos, impulsionado por movimentos de inclusão e pela busca por brinquedos que fogem dos padrões industrializados.
Outro ponto positivo é que o amigurumi inclusivo pode ser um excelente recurso educacional. Escolas, terapeutas e famílias têm utilizado esses bonecos para promover diálogos sobre inclusão desde a infância, tornando mais natural a convivência e o respeito pelas diferenças. “O amigurumi tem esse poder de ensinar pelo afeto. Quando uma criança vê um boneco que se parece com ela ou com um colega, ela aprende a enxergar a diversidade de forma mais amorosa e natural”, reforça Ju Sanches.
Para ampliar essa proposta e incentivar mais artesãos a confeccionarem bonecos representativos, é essencial disponibilizar receitas que valorizem a diversidade. Pensando nisso, Ju Sanches desenvolveu um modelo exclusivo de amigurumi inclusivo, permitindo que mais pessoas tenham acesso a brinquedos que promovam inclusão e identificação. Confira abaixo a receita completa:
Você vai precisar de:
- Agulha de crochê 3,0mm
- Agulha de tapeceiro
- Olhos com trava de segurança nº18
- Tesoura
- Enchimento de fibra acrílica
- Fio Amigurumi Soft
- 1317 Solar – amarelo
- 2137 Hortência – azul
- 7062 Amendoim – bege
- 2790 Moderno – azul escuro
Obs:Todas as cores e o tipo do fio podem ser alterados conforme sua preferência e disponibilidade.
Siglas:
- pt- ponto
- pb- ponto baixo
- MPA- meio ponto alto
- dim- diminuição
- aum- aumento
- saf- somente na alça de tras
- corr- correntinha
Cabeça:
Bege
12 corr. Os pontos são trabalhados em ambos os lados da corr base. (Oval)
1.Comece na segunda corr da agulha, pb nos próximos 10pt, 3 pt no último ponto, continue do outro lado da correntinha base, pb nos próximos 9pt, aum no último pt. (24)
2.aum no 1o pt, 9pb, aum nos próximos 3 pt, 9pb, aum nos próximos 2 pt. (30)
3.1pb, aum , 9pb, [1pb, aum (3x)], 9pb, [1pb, aum (2x)] (36)
4.2pb, aum , 9pb, [2pb, aum (3x)], 9pb, [2pb, aum (2x)] (42)
5.13. pb em toda a volta (42) olhos n 18, entre a volta 7 e 8 com 8 pontos de distância
14.[5pb, dim] em toda a volta (36)
15.[4pb, dim] em toda a volta (30)
16.[3pb, dim] em toda a volta (24)
17.[2pb, dim] em toda a volta (18)
18.[1pb, dim] em toda a volta (12)
Coloque enchimento
- dim em toda a volta (6)
Orelha:
Bege
1.Anel Mágico: 6pb (6) costure entre a volta 7 e 8, com 4 pontos de distância dos olhos
Braço:
Bege
1.Anel Mágico: 6pb (6)
2.aum em toda a volta (12)
3.pb em toda a volta (12)
4.[2pb, dim] em toda a volta (9)
5-6. pb em toda a volta (9)
Amarelo
7.[1pb, dim] em toda a volta (6)
8.3pb pegando o pt da frente e de trás
Corpo:
Amarelo
1.18corr
1-2. pb em toda a volta (18)
- [2pb, aum] em toda a volta (24)
- [3pb, aum] em toda a volta (30)
5-6. pb em toda a volta (30) faça 1 volta em saf para a barra da blusa
Azul claro
Enganche o fio azul na alça que sobrou da volta 6
7-8. pb em toda a volta (30)
Separe 15pt para cada perna, junte a parte de trás com a da frente com um pb, continue a volta trabalhando em espiral
9 [3pb, dim] em toda a volta (12)
Bege
- pb em toda a volta (12)
Azul Escuro
11.centralize 4aum juntos na frente do pé, e pb no restante da volta (16)
12.centralize novamente 4 aum juntos na frente do pé, e pb no restante da volta (20)
13.pb em toda a volta (20)
14.pbh em toda a volta (20)
Coloque enchimento
15.dim em toda a volta (10)
Corte o fio deixando uma ponta longa. Usando uma agulha de tapeçaria, passe o fio através da laçada frontal de cada ponto e puxe apertando para fechar. Esconda o fio ao final.
SEGUNDA PERNA: Enganche o fio na parte de trás do corpo na volta 8, e faça a segunda perna repetindo o processo da primeira.
Cabelo:
Marrom
1.Anel Mágico: 6pb (6)
2.aum em toda a volta (12)
3.[1pb, aum] em toda a volta (18)
MECHAS:
1-18. Suba 14 corr, pule 1corr, volte fazendo 13pb, pbx no círculo base.
Costure ou cole na cabeça.
O Mini Mim vai muito além do artesanato – é uma ferramenta poderosa de representatividade e inclusão para crianças. Ao verem bonecos que refletem sua cor de pele, tipo de cabelo ou características específicas, como Síndrome de Down, vitiligo e cadeiras de rodas, elas se sentem validadas e pertencentes ao mundo ao seu redor. Essa representatividade é essencial para a construção da autoestima e identidade infantil, mostrando que a diversidade é natural e bonita. Além disso, os amigurumis inclusivos promovem o respeito às diferenças, estimulam a empatia e ensinam, desde cedo, que todas as pessoas são únicas e especiais. Para aquelas que não se enxergam nos brinquedos tradicionais, ter um Mini Mim é como olhar no espelho e perceber: “Eu sou importante, sou valorizado e existo no mundo!”
Sobre Ju Sanches
Ju Sanches é professora de amigurumi e já formou mais de 7 mil alunas nessa técnica. Seu primeiro curso, lançado em 2021, marcou o início de sua jornada ensinando amigurumi de forma acessível e profissional. Desde então, ajuda milhares de pessoas a se tornarem especialistas por meio de seus cursos Mini Mim, Vila Pop e SUPER POP, onde ensina não apenas a fazer, mas também a vender e viver de amigurumi. Além disso, é autora do livro O Fantástico Mundo dos Mini Mins, onde compartilha sua experiência e o processo criativo por trás dos bonecos.
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