Neste fim de semana (1° e 02 de fevereiro), a aldeia Inhaã-bé, localizada no igarapé do Tiú, no rio Tarumã-Açu, zona rural de Manaus, recebeu a segunda edição do projeto “Aldeia Cultural”, idealizado pela artista indígena e produtora cultural, Thaís Kokama.
O projeto, que visa promover conhecimento e aprendizado sobre os povos indígenas por meio de uma imersão cultural, foi um dos selecionados pelo Edital Macro de Chamamento Público n° 002/2024 – Cultura Étnica, com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) de fomento à cultura, realizado pelo Concultura, com o apoio do Ministério da Cultura e da Prefeitura de Manaus.
Para a idealizadora do projeto, a artista indígena e produtora cultural Thaís Kokama, dar continuidade ao trabalho de imersão para um melhor conhecimento sobre o cotidiano e a cultura dos povos originários é uma grande conquista.
“Chegamos à segunda edição do projeto e é muito gratificante poder ter a oportunidade de mostrar a nossa realidade. Através do Aldeia Cultural, conseguimos levar aos participantes um melhor entendimento sobre a diversidade étnico-cultural existente e a importância de valorizarmos a nossa história”, ressaltou.
Ao todo, 40 participantes foram selecionados para vivenciarem o projeto, que permitiu uma experiência completa e gratuita, incluindo traslado, alimentação, apresentações de dança, música e cinema, feira de artesanato e oficinas.
Experiência inédita – Contemplada para participar do projeto Aldeia Cultural, a funcionária pública Giselle Souza, 33, falou com alegria sobre a experiência inédita na aldeia Inhaã-bé.
“Está sendo incrível poder fazer parte de tudo isso. É a primeira vez que visito uma aldeia indígena e através do projeto estou tendo a oportunidade de conhecer mais a nossa cultura, a cultura dos povos ancestrais”, afirmou.
Para Giselli, que buscou participar de todas as atividades promovidas na aldeia, principalmente a oficina de pintural corporal, que era uma das mais aguardadas do evento, o projeto foi uma experiência única e deve ser realizado mais vezes.
“Acredito que, assim como eu, todos os participantes saem daqui com um grande aprendizado. É muito importante dar oportunidade a projetos como esse, que nos permitem conhecer ainda mais a realidade dos povos originários e do quanto precisamos estar unidos para que essa cultura não se perca e seja cada vez mais valorizada”, ressaltou.
O projeto – Ao chegar na aldeia Inhaã-bé, os participantes foram recebidos com um ritual ancestral de defumação, para purificação espiritual. Em seguida, o grupo musical Kuiá, formado por adolescentes das etnias Sateré-Mawé e Tikuna, cantaram o hino nacional brasileiro na língua nativa e fizeram apresentações musicais e de dança com o público presente.
Após os trabalhos iniciais, foi a vez de um passeio pela aldeia, onde os partipantes puderam conhecer o primeiro cinema indígena do Norte do Brasil, inaugurado por meio do projeto “Cine Aldeia”, também idealizado por Thaís Kokama. À tarde, após o almoço regional, foram realizadas oficinas de artesanato, pintura corporal, fotografia e vídeo, bem como uma gincana interativa em grupos.
Nesta edição, os participantes tiveram a oportunidade de tomar banho de rio e fazer canoagem, tendo em vista a cheia dos rios, além da apresentação de um desfile com acessórios indígenas e a prática de atividades esportivas.
Valorização cultural – De acordo com o tuxaua Pedro Hamaw Sateré, líder da aldeia Inhaã-bé, o conhecimento é a base para o respeito, e esse é um dos maiores benefícios do projeto Aldeia Cultural.
“A gente fala que sempre quem conhece, respeita. Então é uma satisfação enorme poder receber os visitantes e mostrar a nossa realidade. Isso só vem pra fortalecer o conhecimento, a troca de experiências e a aldeia ser valorizada. Vamos esperar que tenham cada vez mais edições”, destacou.
Oportunidade – Após a aprovação e realização de mais uma edição do “Aldeia Cultural”, a idealizadora do projeto, Thaís Kokama, aproveitou para agradecer o apoio recebido.
“Quero agradecer ao Ministério da Cultura e à Prefeitura de Manaus, por meio da Concultura, por acreditar no meu projeto e me permitir realizá-lo. Esse trabalho é uma forma de mostrarmos a nossa identidade e, com isso, buscarmos a valorização da cultura e o respeito aos povos originários”, comemorou.
Aldeia Inhãa-bé – A comunidade Inhãa-Bé é formada por famílias de indígenas dos povos Sateré-Mawé, Kokama, Tikuna, Mura, Kulina, Tariano e Baré. O trabalho na aldeia é voltado para o etnoturismo e o artesanato.
Fotos: Hugo Coelho e Lorena Furtado