A data 20 de março celebra a importância da transmissão de cultura, conhecimento e entretenimento para pessoas de todas as idades, e destaca o papel dos contadores de histórias na formação de indivíduos e na preservação da memória coletiva.
A arte de contar histórias, seja para encantar crianças ou envolver adultos, se manifesta em uma infinidade de formas criativas. É possível dar vida às narrativas por meio de fantoches que ganham voz e personalidade, do mágico teatro de sombras que projeta silhuetas e emoções, da vibrante dramatização que convida à imersão e à participação, e de outras técnicas como a música e a dança, que enriquecem a experiência e estimulam a imaginação.
Para a psicopedagoga e escritora infantil Paula Furtado, mais do que ser um mediador na troca de enriquecimento entre o público e a obra escolhida, esse profissional assume o papel de facilitador da imaginação. “A narrativa oral, por exemplo, com sua riqueza e tradição, é um método de comunicação que tem uma função essencial como ferramenta de aprendizagem e estímulo ao desenvolvimento emocional e cognitivo, principalmente das crianças”, explica a profissional.
Paula, que entre tantas atividades, realiza palestras para pais e educadores sobre a importância de contar histórias, diz que qualquer crônica contada traz benefícios para o ouvinte, já que nos livros infantis o personagem central vence desafios que podem ser comparados com muitas etapas da vida de uma pessoa. “Ouvir o final feliz no desfecho é mandar a mensagem para o meu eu interior que o meu grande problema tem solução, portanto, também posso ser feliz para sempre”, pontua.
Além da escolha da narrativa, entonação e ritmo são aspectos primordiais que um contador deve dominar na hora de escolher uma literatura, pois são cruciais tanto para compreensão e interpretação como para o desenvolvimento da linguagem oral e formalização da escrita.
Ainda de acordo com Paula, nessa prática milenar, a forma que o adulto irá contá-la também terá grande importância para o sucesso do da narrativa como processo terapêutico e pedagógico. E, para contar a história, é importante apropriar-se do enredo para dar mais verdade ao texto e não comparar as crianças com os personagens ou dar sermões ao fim de cada história.
“A ideia é permitir que a criança, de forma natural, faça as conexões simbólicas por conta própria. Quando o adulto pontua um aspecto e defende uma posição sobre o assunto em pauta, o trabalho simbólico fica bloqueado. Ao término de cada narrativa, recomenda-se que o leitor explore, em conjunto com o pequeno, as sensações vivenciadas durante a leitura”, conclui a escritora.