“Manaus é um caso de sucesso, um bom exemplo, uma boa referência para que a gente possa inspirar outros municípios”. A frase do presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, resume a impressão do gestor após fazer um tour, nesta terça-feira, 8/8, pelas obras do programa “Nosso Centro”, lançado na gestão do prefeito David Almeida, que estão a pleno vapor na avenida 7 de Setembro, no Centro.
Cumprindo agenda na capital amazonense, Grass e comitiva, além de representantes do Iphan Amazonas, foram recebidos pelo prefeito de Manaus, em exercício, Marcos Rotta e equipe técnica do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb). Os visitantes conheceram mais detalhes, in loco, do programa realizado com recursos do tesouro municipal, que está reabilitando uma área importante da região central da cidade, com projetos desenvolvidos pelo Implurb.
“É de interesse da gestão do prefeito David se aproximar cada vez mais dos órgãos, em especial, da autarquia que é o Iphan, para que possamos trabalhar de forma colaborativa. Quanto maior a interação, mais ágeis serão as ações e as obras que pretendemos executar. A cidade de Manaus foi elogiada pelo presidente nacional do Iphan, como uma cidade que tem se preocupado com a questão da política de ocupação ordenada e revitalização dos centros históricos, estamos contentes por estarmos no caminho certo”, disse Rotta.
Durante a visita técnica e institucional, o presidente do Iphan passou por áreas emblemáticas culturais e patrimoniais de Manaus, como o antigo Museu do Porto e o Museu da Cidade (Paço Municipal), onde conheceu uma exposição sobre o “Nosso Centro”, os eixos do programa, projetos em obras e em desenvolvimento, além de conferir parte das mostras permanentes do Paço, como a sala “Anéis de Crescimento” e o espaço de arqueologia, onde estão fragmentos arqueológicos e uma urna funerária.
Para o diretor-presidente do Implurb, Carlos Valente, a vinda do presidente do Iphan reforça a importância que a gestão do prefeito David Almeida está dando para a área central da capital, com as obras e a criação de vivência na região central, que passa por revitalização.
“Manaus é uma das sete capitais do Brasil que estão apostando na reabilitação do seu centro histórico para devolver vida e ebulição ao local, que tem farta infraestrutura e oferta de transporte e serviços. O plano urbanístico da prefeitura foi lançado em 2021, com projetos para recuperar áreas e criar benefícios à atração de novos moradores, negócios e atividades”, comentou.
Valor cultural
Para o presidente do Iphan, a recuperação dos centros históricos é um dos maiores desafios do Brasil, uma vez que são áreas com grande valor cultural, com população habitando, trabalhando, mas que carecem de intervenções.
“Manaus está apostando numa boa solução, numa boa iniciativa, no sentido de garantir a ocupação dos imóveis, tanto do ponto de vista habitacional como comercial. E a ocupação cultural também para dar vida. O centro histórico precisa de vida, precisa da população ocupando esses espaços para que se possa reduzir os índices de vulnerabilidade, de violência, para que se torne um local, de fato, de presença, não só dos turistas que vêm aqui conhecer e saber o que tem aqui, mas para a própria população da cidade, que tem que ter este lugar como local de carinho e de afeto”, explanou.
O “Nosso Centro” tem três eixos focais: “Mais Vida”, “Mais Negócios” e “Mais História”, e se soma a um conjunto arquitetônico de grande relevância para a capital.
“O programa de Manaus combina habitação, revitalização, patrimônio, mas também tem questões para garantir que as pessoas que morem no Centro tenham acesso a direitos como ao trabalho, à cultura, ao transporte, à acessibilidade, fazendo com que o centro histórico seja um lugar de cidadania e não só um espaço de turismo para quem chega, visita e vai embora”, disse Leandro Grass.
Habitação
A ênfase na habitação, especialmente de interesse social, foi um dos pontos da visita e apresentação do programa in situ, e o Iphan nacional pretende lançar um plano para o Brasil de incentivo às prefeituras a adotarem modelos de ocupação.
“Ao longo do tempo houve uma certa expulsão das comunidades dos centros históricos para as áreas mais periféricas. Os próprios programas habitacionais acabaram também fortalecendo isso. Então, quando a prefeitura, por exemplo, decide adotar alguns imóveis para esta finalidade, o Iphan vem apoiando, vem fortalecendo essa iniciativa. Estamos moldando um programa em nível nacional em parceria com as prefeituras para a ocupação dos centros históricos e Manaus está de parabéns pelo programa urbano e que tenho certeza que vai ser bem-sucedido”, comentou Grass.
Para o diretor de Planejamento do Implurb, arquiteto e urbanista Pedro Paulo Cordeiro, o programa iniciado em 2021 tem grandes avanços, e não somente com as obras que estão criando espaços públicos de qualidade. Mas também de fortalecimento do território para que volte a ser ocupado após décadas de degradação.
“Esperamos transformar o centro de Manaus num local realmente onde toda uma cadeia se fortaleça, do comércio ao turismo, passando pelos moradores. E isso só vamos conseguir reunindo espaços públicos e a questão habitacional”, comentou.
A historiadora e nova superintendente do Iphan Amazonas, Beatriz Calheiro, lembrou que a gestão compartilhada do patrimônio histórico e cultural e a parceria entre órgãos, como o Implurb, são fundamentais.
“Além dos projetos, para que consiga orientar de forma técnica e integrada, também nos colocamos à disposição para pensar a educação patrimonial. E o Implurb está atuando neste processo, realizando palestras, visitas em campo, apresentando para a cidade desde a sua concepção, não só a questão de renovação desse Centro, de revitalização, mas também de projetar habitação aqui. Então, conjugando aquilo que tem valor histórico com aquilo que a gente precisa, que é trazer a habitação para o Centro e assim valorizar o nosso patrimônio”.
Com o programa “Nosso Centro”, a Prefeitura de Manaus tem como objetivo aumentar a população da área central de 30 mil para até 200 mil pessoas. Atualmente, há cerca de 100 mil postos de trabalho no Centro, que funciona principalmente no horário comercial. Estão contempladas 38 intervenções e há três obras em curso na região: o Mirante Lúcia Almeida, o Casarão Thiago de Mello e o Largo de São Vicente.