Ainda estou impactada com a partida tão prematura do meu amigo Guilherme Gil ou Adauto Xavier. Adalto Guilherme Xavier Gil, ou como eu o chamava – Gil, partiu na madrugada desta segunda-feira (29), aos 59 anos, depois de lutar bravamente contra um câncer no intestino.
Homem extremamente culto, amava idiomas, jornalista, escritor, bailarino, coreógrafo, Guilherme Gil era um artista reconhecido e em agosto de 2023, foi homenageado no 11º Festival Amazonas de Dança (FAD), no Teatro Amazonas, pelo seu legado para a dança do Amazonas.
Estou ainda buscando palavras para descrever esse misto de emoção que estou sentindo. Eu sei que, como comunicadora, deveria passar somente a notícia e não fazer parte dela, mas é impossível.
Tentei achar nossos vídeos dançando salsa, mas não encontrei, então vou registrar essa nossa foto em alguma das nossas festas do jornalismo, em que conseguíamos reunir nossa turma.
O grupo de jornalistas que temos no whatsapp chamado de Sugestão de Pauta (por isso o portal leva o mesmo nome) e que iniciou em 2016, tem desde o começo o Guilherme Gil como um dos administradores, juntamente comigo.
Quem te via discreto e fechado, não imaginava o coração grande e mole que você tinha.
Quem foi Guilherme Gil ou Adalto Xavier?
Nascido em Manaus (AM), Adalto Guilherme Xavier Gil foi professor de língua inglesa, professor de dança clássica e contemporânea, tradutor, intérprete, coreógrafo e jornalista. Quando começou a dançar, assinava Adalto Gil. Quando se formou jornalista homenageou a mãe, Erondina Xavier, como Adalto Xavier. No jornalismo, Guilherme Gil, em homenagem ao avô. Foi repórter e editor em redações locais como Jornal do Norte, Amazonas Em Tempo e Diário do Amazonas, assessor de empresas e companhias artísticas de dança, foi diretor de marketing da Secretaria de Estado de Comunicação do Amazonas (Secom) e por último, esteve em assessorias na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).
Na área cultural, participou como bailarino e coreógrafo do Grupo de Teatro e Dança Jurupari (1985 a 1989), Ballet da Cidade (1986), Gedam – Grupo Experimental de Dança do Teatro Amazonas (1986 a 1987), Grupo Experimental de Dança da Faculdade de Educação Física (Gedef) (1991 a 1994) e Balé Habeas Corpus (1994 a 2000).
Adalto Xavier também foi escritor. Publicou, em 2002, a obra “Dançando conforme a música” (Ed Valer), que é praticamente um documentário sobre a história da dança em Manaus.
Ele narrou os primeiros movimentos artísticos ligados à dança, desde as primeiras companhias, na década de 1970. O momento em que o Amazonas entra na dança, os pioneiros como José Rezende, Dançaviva, Ballet da Barra, até a criação dos corpos artísticos da Secretaria de Estado da Cultura (SEC) estão registrados na publicação.
O jornalista escreveu também “Muito Além da Magia do Jardim Botânico e dos Sorrisos da Vila Guilherme: A Relação do Rádio e da Televisão com a Política em Manaus” (1996).
Além de jornalista, ele era professor de inglês, tradutor e intérprete com cursos na Southwark College, International House, Morley College e The London School of Foreign Trade, em Londres, Inglaterra, onde morou por cerca de 2 anos, em Londres, no final da década de 80, para aperfeiçoamento da língua inglesa.
Sua dança refletiu-se nos textos primorosos, de movimentos harmônicos, às vezes complexos, que ele usou durante anos nas editorias de cultura dos jornais de Manaus.
A cultura do Amazonas perde, mas os amigos perdem um ser humano abençoador.