O Abril Verde, mês de conscientização e combate ao sedentarismo traz inúmeras discussões sobre o atual cenário da saúde no país. Nesse sentido, além dos adultos, que sem dúvidas, são afetados pela vida corriqueira e nem sempre conseguem tempo na agenda para fazer uma atividade física, as crianças também sofrem, afinal, diante do uso excessivo dos aparelhos eletrônicos, muitas acabam ficando longe de algum exercício.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 47% dos Brasileiros estão sedentários, e que esse problema pode levar cerca de 500 milhões de pessoas a desenvolverem doenças cardíacas, obesidade, diabetes e outras doenças não transmissíveis até 2030. A OMS recomenda, no mínimo, entre 150 e 300 minutos de atividade física de intensidade moderada por semana para adultos, e uma média de 60 minutos de atividade aeróbica moderada por dia para crianças e adolescentes.
Outro levantamento da OMS estima que o Brasil tenha 11,3 milhões de crianças obesas até 2025. Além disso, conforme relatório do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional divulgado pelo Ministério da Saúde com base no acompanhamento do SUS, até meados de Setembro de 2022, mais de 340 mil crianças de 5 a 10 anos de idade foram diagnosticadas com obesidade, dados que refletem a má qualidade de alimentação e a falta de exercícios físicos por esse público. Em 2021, o número era maior, com 356 mil crianças nessa mesma faixa etária, ou seja, em um ano, houve diminuição de 4,49% no número de crianças obesas acompanhadas na atenção primária.
Atualmente, a região Sul possui 11,52% de crianças obesas nessa faixa etária (5-10), maior índice do país. Em seguida aparecem as regiões Sudeste, com 10,41%; Nordeste, com 9,67%; Centro-Oeste, com 9,43% e Norte, com 6,93% das crianças acompanhadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na região.
Para Taffarel Melo, professor de educação física e idealizador do Funcional Kids do Tio Taffa, mesmo com uma redução mínima no índice de crianças obesas no Brasil, a situação ainda é preocupante, pois segundo ele, muitos pais só percebem como está a saúde do filho quando são alertados pelos médicos, psicólogos ou nutricionistas durante as consultas.
“Infelizmente, muitos pais ainda não enxergaram a necessidade de incentivar o seu filho à uma prática esportiva. Alguns só se dão conta de que é importante quando levam a criança ao médico e constatam o grau de saúde daquela criança. Infelizmente, às vezes é necessário chegar no ponto limite da questão da saúde do filho para poder entender que é preciso procurar profissionais especializados e colocar o filho para fazer uma atividade física”, disse.
Mudança de perfil
Há 14 anos trabalhando como personal trainer infantil, em 2020, Taffarel resolveu ampliar a oferta de serviços e inaugurou o primeiro espaço Funcional Kids do Tio Taffa em Manaus. O profissional afirma que nesse período, com a pandemia de covid-19, foi possível verificar uma mudança no perfil das crianças que têm chegado ao funcional.
“Antes da pandemia a gente tinha um público de crianças obesas, crianças que tinham que trabalhar a coordenação motora. Essa era a nossa maior procura. O público pós-pandemia é um público que cresceu muito, e estamos tendo muita procura por crianças com depressão, ansiedade, crianças que estão sofrendo bullying dentro das escolas. Por isso, o nosso trabalho aumentou consideravelmente e tem se tornado cada vez mais essencial na sociedade. No Funcional Kids a nossa metodologia é diferenciada, pois o nosso principal intuito durante as aulas, além da parte física, é trabalhar a parte mental e social dessas crianças”, explicou.