O Laboratório de Malária e Dengue do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa/MCTI), coordenado pela pesquisadora Rosemary Aparecida Roque, apresentou uma exposição destacando o papel fundamental dos insetos no controle biológico de vetores de doenças tropicais e, mais especificamente, apresentando suas descobertas atuais sobre o mosquito do gênero Toxorhynchites sp., popularmente conhecido como “mosquito elefante”. A exposição é uma das atividades da 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT).
Intitulada de ‘Mosquito come Mosquito’, o foco principal da exposição é mostrar o hábito do mosquito elefante, notável por, ainda na fase larval, se alimentar das larvas de outros mosquitos, principalmente daqueles que são transmissores de doenças, o que o torna uma ferramenta promissora para o controle biológico.
Segundo Raquel Sampaio, pesquisadora do Inpa, os estudos no Laboratório de Malária e Dengue vem proporcionando novas descobertas sobre o hábito dos mosquitos. “Os estudos demonstram que uma única larva de Toxorhynchites sp. é capaz de predar mais de 120 larvas do Aedes aegypti e Aedes albopictus (conhecido como Tigre Asiático), um número significativo que poderia ser uma solução eficaz para reduzir as populações dos mosquitos transmissores de doenças como dengue, chikungunya, zika e febre amarela”, pontua.
Enquanto o Aedes aegypti é um vetor dessas doenças e depende do sangue humano para se reproduzir, as fêmeas do mosquito elefante, em sua fase adulta, se alimentam apenas de néctar de flores como as da Borreria verticillata, popularmente conhecida como ‘vassourinha de botão’, não transmitindo doenças ao ser humano ou outros animais o que os torna ecologicamente seguros.
Luiz Antônio Perfeto, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Entomologia do Inpa, diz que é importante que a população tenha acesso às informações dos estudos produzidos no Instituto, principalmente entenda os benefícios que são trazidos para a sociedade. “Com estudos já realizados, evidenciou-se que os pontos positivos é a redução nos casos de doenças transmitidas pelo Aedes, o que contribui para a diminuição de repasse de verba governamental para o tratamento dessas doenças, evitando assim, uma sobrecarga de atendimento em prontos socorros e hospitais públicos (SUS), podendo essas verbas serem investidas em melhorias na saúde”, frisa.
Os estudos realizados pelo Laboratório e demais pesquisadores revelam a crescente resistência dos vetores a substâncias químicas, tornando necessária a busca por alternativas. O Toxorhynchites sp. já é mencionado na literatura como um eficaz predador e o laboratório está retomando essas pesquisas, com alunos de iniciação científica e bolsistas de mestrado, para entender a biologia do mosquito, seus hábitos e como reproduzi-lo em cativeiro.
Um dos desafios atuais é a criação de colônias de Toxorhynchites sp. em laboratório para produzir uma quantidade significativa de larvas que possam ser usadas em criadouros de Aedes, controlando assim as populações desses mosquitos transmissores de doenças tropicais.
Além de controlar os mosquitos transmissores de doenças, o objetivo do Laboratório é preservar o equilíbrio ecológico prejudicado desde a década de 90, devido ao uso desproporcional do “fumacê” e inseticidas químicos, estes que afetaram não apenas os mosquitos vetores como também outros insetos ou até o ser humano e consequentemente, o equilíbrio da cadeia alimentar.
A equipe também é composta pela técnica Wanilze Gonçalves e a estudante de iniciação científica Victoria Oliveira que buscam com essas pesquisas oferecer uma alternativa eficaz e sustentável para o controle de mosquitos transmissores de doenças e para a preservação do meio ambiente, promovendo um futuro mais saudável e equilibrado.
Por Valéria Nakashima – Inpa