Em caravanas de motocicletas e pedestres, os bairros populares de Caracas marcharam até o Palácio Miraflores, sede do governo, no centro da cidade. Milhares de pessoas, muitas delas jovens, saíram espontaneamente das suas casas para expressar a sua frustração e raiva diante dos resultados do pleito, realizado no domingo (28).
Em Caracas, a manifestação foi ganhando gradualmente adesão, com os moradores indo às ruas para se juntarem aos manifestantes. Os confrontos eclodiram com a polícia e com as milícias paramilitares ao serviço do governo quando os protestos chegavam ao centro da capital.
Em outras partes do país, manifestações espontâneas também ocorreram e pelo menos uma pessoa morreu no estado de Yaracuy, segundo a ONG Foro Penal, especializada na defesa de presos políticos. Alfredo Romero, diretor da entidade, informou ainda na rede X que 46 pessoas foram detidas em meio aos distúrbios após a eleição.
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) emitiu um alerta consular para brasileiros que estão na Venezuela. Após a proclamação de Nicolás Maduro como presidente reeleito, manifestantes tomaram as ruas da capital Caracas, em meio a apelos da oposição e da comunidade internacional para que as contagens completas dos votos sejam divulgadas.
No comunicado, o Itamaraty pede que brasileiros residentes, em trânsito ou com viagem marcada para a Venezuela mantenham-se informados sobre a situação de segurança nas áreas onde se encontram e que evitem aglomerações.
“A Embaixada do Brasil, em Caracas, permanece atenta à situação das cidadãs e dos cidadãos brasileiros no país e disponibiliza, em caso de emergência envolvendo seus nacionais, o seu plantão consular, +58 414-3723337 (com WhatsApp)”, informou o Itamaraty.
Ainda de acordo com o alerta, o plantão consular geral do Ministério das Relações Exteriores pode ser contatado pelo telefone +55 (61) 98260-0610.
Entenda
Após as eleições presidenciais realizadas no último domingo (28), o ditador Maduro foi anunciado como presidente pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela vencedor do pleito e apto a exercer seu terceiro mandato, no período de 2025 a 2030.
Ele foi proclamado vitorioso, segundo o CNE, com 51,21% dos votos contra 44% de Edmundo González, o segundo colocado. O resultado foi questionado pela oposição, que cita fraude nas urnas. Ao receber o mandato, Maduro acusou “um suposto golpe de Estado que estaria sendo gestado no país”.
Segundo a líder oposicionista María Corina Machado, adversários do atual presidente tiveram acesso a 40% das atas eleitorais que mostrariam a vitória de González. Corina Machado pediu, então, uma medida das Forças Armadas.
Um dia após as eleições, o governo venezuelano decidiu expulsar representantes diplomáticos da Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai, que contestaram o resultado das urnas.