O Brasil já têm 217.481 casos prováveis de dengue e 15 mortes confirmadas e 149 em investigação, nas primeiras semanas de 2024, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados nesta terça-feira (30).
A incidência de dengue no país é de 107,1 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. Isso representa um aumento de mais de três vezes em relação ao mesmo período no ano passado, quando o Brasil registrou 65.366 casos prováveis da doença.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o maior número de casos prováveis está em Minas Gerais com 67.223, seguido por São Paulo, 35.410 e o Distrito Federal, 29.138.
Minas Gerais e o Distrito Federal decretaram situação de emergência pelo aumento de casos de dengue e chikungunya nas primeiras semanas do ano.
A cidade de São Paulo registrou um aumento de mais de 300% de casos de dengue se comparado ao mesmo período no ano passado, Só este ano, já são 1.792 casos e em 2023 foram 443.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, participou de encontro da Sala Nacional de Arboviroses e conselhos representantes das secretarias estaduais e municipais de saúde (Conass e Conasems) para discutir ações de prevenção e controle da dengue no país.
“A vacina é um instrumento importante, uma esperança, mas não pode ser vista como uma solução para aqueles locais onde há o agravamento de casos hoje. É preciso prevenir e cuidar as formas graves da doença”, disse a ministra à CNN.
Segundo a ministra, ainda não há previsão exata para a distribuição das cerca de 757 mil doses recebidas, mas a expectativa é de isso ocorrer ainda no mês de fevereiro.
Altas temperaturas
Em dezembro, o ministério já havia alertado que as mudanças climáticas — com o início do período das chuvas e das altas temperaturas — influenciaria no aumento de casos de dengue, chikungunha e Zika.
“O que a gente observa é que, agora, nós temos elementos novos. A gente passa por um período de aumento das temperaturas, temos o fenômeno do aquecimento global, que vai impactar muito no comportamento das arboviroses e esse ano a gente teve ainda o componente do El Nino, que mudou também o comportamento das temperaturas registradas, nós estamos tendo um verão muito quente, e isso cria um ambiente muito favorável para a proliferação do mosquito, o que torna o momento muito atípico por conta disso”, disse o diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti, à CNN.
Nesse cenário, o governo anunciou o investimento de R$ 256 milhões para intensificar a vigilância e a prevenção das doenças.
Brasil bate recorde de mortes em 2023
De acordo com os dados do governo, o Brasil ainda registrou 1.094 óbitos em decorrência da dengue em 2023. O número é 273 vezes maior do que o registrado em 2000, quando a série histórica teve início e o país teve 4 óbitos registrados.
São Paulo foi o estado com mais mortes por dengue de janeiro a dezembro do ano passado. Ao todo, foram 286 óbitos.
O número é maior do que a soma das mortes registradas em toda a região Sul. No total, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul somaram 280 óbitos em decorrência da dengue em 2023.
Conforme os números da base, apenas três estados do país não registraram mortes por dengue ao longo do ano passado: Acre, Amapá e Roraima — todos da região Norte.
Casos de dengue
Segundo o painel de monitoramento, foram registrados 1.658.816 casos prováveis de dengue em 2023. O número é o maior desde 2015, quando o país registrou 1.688.688 casos prováveis.
A região Sudeste foi a que teve mais incidência da doença no ano passado. Foram mais de 935 mil casos prováveis ao todo, a maior parte deles (408 mil) registrados em Minas Gerais e em São Paulo (339 mil).
Apesar de não ter registrado nenhuma morte, Acre somou 8,4 mil casos. Roraima, que também não teve óbitos em decorrência da dengue em 2023, registrou 237 casos — o menor número do país.
Das 27 unidades federativas do Brasil, 11 estados tiveram aumento de casos prováveis entre 2022 e 2023. Foram eles:
– Acre
– Amapá
– Amazonas
– Bahia
– Espírito Santo
– Mato Grosso do Sul
– Minas Gerais
– Rio de Janeiro
– Roraima
– Santa Catarina
– Paraná
*Vacinação de jovens e adolescentes”
A ideia, de acordo com o governo, é que a vacinação contra a dengue tenha início em fevereiro.
A imunização terá como público-alvo as crianças e os adolescentes de 10 a 14 anos.
“A gente vai focar, no primeiro momento, neste ano, nas crianças de 10 a 14 anos, e a gente vai priorizar os municípios com maior ocorrência de dengue. Ou seja, priorizando áreas que, histicamente, tem um maior registro da doença. É a forma que nós encontramos para otimizar”, afirmou Eder Gatti durante entrevista à CNN.
Com o número de doses reduzido (leia mais abaixo), a vacinação chegará em apenas 10% das cidades do país.
Segundo o Ministério da Saúde, isso se deve à baixa capacidade na produção do imunizante pelo laboratório Takeda Pharma.
Vacina contra a dengue
O imunizante contra a dengue, chamado de Qdenga, foi incorporado no Sistema Único de Saúde (SUS) em dezembro de 2023, tornando o Brasil o primeiro país do mundo a oferecê-lo no sistema público universal.
A vacina, no entanto, não é produzida em larga escala e necessita de duas doses para a proteção total. O laboratório japonês Takeda Pharma é o responsável pelo desenvolvimento do imunizante.
Segundo o laboratório, a previsão é que sejam entregues 5,082 milhões de doses em 2024, entre fevereiro e novembro. Por isso, a distribuição deve ser focada em públicos e regiões prioritárias.
Como a aplicação da vacina é feita em duas doses, porém, no máximo 3 milhões de pessoas serão vacinadas.
Por Bianca Camargo, Mayara da Paz e Jussara Soares/CNN – São Paulo e Brasília