RIO – Com a importação de volumes recordes de diesel da Rússia em 2023, o Brasil se tornou este ano um dos maiores mercados das refinarias russas – que vêm buscando rotas comerciais alternativas em meio às sanções da União Europeia e do G7.
Nos últimos meses, o mercado brasileiro se consolidou como um dos cinco principais destinos de derivados de petróleo daquele país, de acordo com dados da S&P Global Commodity Insights.
O Brasil entrou na lista dos dez principais mercados de produtos refinados russos ainda em janeiro.
Em abril, quando as importações começaram a se acentuar, o Brasil passou a figurar entre os cinco principais destinos. Foi a partir de meados de junho, contudo, que o Brasil se consolidou entre os cinco maiores importadores de derivados russos.
A Turquia é a líder absoluta.
Brasil, Índia, Emirados Árabes Unidos, China, Grécia, Singapura, Malásia e Arábia Saudita, por sua vez, se alternam entre os cinco principais mercados da Rússia ao longo de 2023.
A mudança nos fluxos do mercado global
A Rússia se tornou o maior fornecedor de diesel no Brasil desde abril, superando a liderança histórica dos EUA.
Historicamente pouco relevantes, as importações do diesel de origem russa dispararam nos últimos meses, em meio a mudanças no fluxo do comércio global de combustíveis desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022.
Estrangulada por sanções das potências ocidentais, a Rússia tem buscado novos mercados e oferecido descontos aos compradores.
Os descontos sobre o petróleo e derivados russos atraíram o interesse de países sobretudo da Ásia. Mas a guerra da Ucrânia redesenhou por completo a dinâmica do mercado e na América Latina não foi diferente.
Em agosto, o presidente da Vibra Energia, Ernesto Pousada, disse que a importação de diesel russo, com desconto, havia se tornado uma tendência estrutural no mercado brasileiro – mas que esperava uma janela de oportunidade mais estreita para importação da Rússia, neste momento, porque os preços internacionais do diesel estão acima do teto definido pelas sanções da Europa e EUA.
Nesse contexto, os produtos russos acabam migrando para mercados onde as sanções são menos relevantes.
De fato, o desconto do diesel importado da Rússia tem sido menor. E o consumo de derivados russos desacelerou em agosto, à medida que a Petrobras aumenta a produção em suas refinarias, para para fazer frente à alta esperada da demanda com o escoamento mais intenso da safra das commodities agrícolas nos próximos meses, segundo os dados da S&P Global Commodity Insights.
Fonte: epbr