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A chegada de um bebê transforma a rotina das famílias e, junto com os cuidados diários, surgem dúvidas sobre como agir diante de possíveis sinais de adoecimento. Para muitas mães e pais, especialmente os de primeira viagem, é difícil saber quando é necessário buscar um atendimento de pediatria emergencial ou se a situação pode ser monitorada em casa.
Segundo a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), é comum que o excesso de informações e a insegurança levem os cuidadores a procurar o pronto-socorro mesmo em situações que não exigem a medida. Com o tempo, a experiência ajuda a identificar os sintomas que, de fato, justificam a ida ao hospital, mas, até lá, o acompanhamento do pediatra de referência é essencial para orientar decisões com mais segurança.
Em informações divulgadas pela Associação Paulista de Medicina (APM), a intensivista pediátrica Thais de Mello Cesar Bernardi explica que o ideal é entrar em contato com o pediatra que acompanha o bebê antes de se dirigir ao pronto-socorro. O cuidado pode evitar deslocamentos desnecessários, além de proteger a própria criança.
Ir ao pronto-socorro sem necessidade também representa riscos. Segundo a médica, a criança pode ser exposta a vírus no ambiente hospitalar, além de contribuir para a superlotação e o aumento do tempo de espera nos atendimentos.
Sinais de alerta que exigem atenção imediata
De acordo com a APM, mais da metade das idas ao pronto-socorro poderiam ser evitadas. Embora muitos quadros clínicos em bebês possam ser acompanhados em casa, com a orientação do pediatra, há situações que demandam avaliação médica imediata.
Entre os sintomas que não devem ser ignorados por indicar possíveis riscos à saúde da criança, conforme a APM e a SPSP, estão:
- Febre alta persistente: se a temperatura corporal permanecer acima de 39°C por mais de três dias, mesmo com o uso de antitérmicos, ou se vier acompanhada de prostração, manchas pelo corpo, convulsões ou alterações de consciência;
- Dificuldade para respirar: quando a criança demonstra esforço respiratório, com afundamento da barriga ou do pescoço, coloração arroxeada nos lábios ou extremidades, e cansaço excessivo;
- Vômitos e diarreia persistentes: quando ocorrem de forma frequente e levam a sinais de desidratação, como choro sem lágrimas, boca seca, moleira rebaixada e ausência de urina por mais de seis horas;
- Quedas com batida na cabeça: principalmente se houver perda de consciência, sonolência incomum, vômitos contínuos ou alteração no comportamento;
- Manchas avermelhadas e inchaço nos lábios ou língua: podem indicar reação alérgica ou infecção grave;
- Sangramentos persistentes ou feridas profundas: especialmente após traumas;
- Convulsões: mesmo que isoladas, são sempre motivo para busca imediata por atendimento.
A pediatra do Hospital Estadual Infantil de Vitória, Patrícia Saraiva, alerta que crianças com doenças crônicas, como câncer, fibrose cística, anemia falciforme, HIV ou diabetes, devem ser levadas ao pronto-socorro logo no primeiro sinal de febre.
Avaliação rápida salva vidas
Em situações emergenciais, o atendimento imediato pode ser decisivo. Queimaduras, engasgos, intoxicações, desmaios, fraturas e convulsões são considerados casos prioritários nos hospitais, segundo informações da Rede D’Or.
Essas ocorrências são tratadas em salas de emergência, com suporte para intervenções rápidas, inclusive em cirurgias complexas, quando necessário.
O sistema de triagem adotado nas unidades hospitalares leva em consideração a gravidade do quadro, e não a ordem de chegada. Por isso, compreender os sinais que exigem urgência também ajuda a colaborar com a organização do serviço e a garantir que os casos mais graves recebam atenção no tempo adequado.
Além disso, a SPSP reforça que o pronto-socorro não é o local apropriado para o acompanhamento do crescimento, da vacinação ou do controle de doenças crônicas. Nesses casos, a consulta agendada com o pediatra é o mais indicado.