Mariana Rios vem compartilhando nas redes sociais seu desejo de ser mãe e os desafios enfrentados durante esse processo. Após o diagnóstico de trombofilia, uma condição que dificulta a gravidez e aumenta o risco de trombose, a atriz partiu para a fertilização in vitro, mas enfrenta dificuldades físicas e emocionais ao longo da jornada.
Para Ana Lisboa, psicanalista e especialista em saúde mental feminina, um dos pontos que mais chama a atenção compartilhado por Mariana Rios é quando ela diz que não vai desistir, mas que o primeiro passo agora vai ser ‘voltar àquela menina que sonhava, voltar a se reconectar com ela mesma’.
“Quando a mulher decide ser mãe, imediatamente algo já muda dentro dela e existe uma série de preocupações e traumas que voltam à tona. Em vários momentos da vida da Mariana, ela já manifestou que foi muito pobre, que teve que se virar sozinha, que passou até por questões de preconceito e que não pode contar com outras pessoas porque precisava vencer na vida. Então isso pode ser resquício da infância que acaba vindo à tona agora”, explica Ana Lisboa.
A especialista comenta ainda que preocupações do tipo ‘como que eu vou dar conta’, ‘será que vai ser possível’, ‘será que não’ e todos esses traumas inconscientes prejudicam o processo de gestação. “A pressão no caso dela, que é uma pessoa pública, vem de todo lugar, da sociedade, da família e também da mídia. Então dividir a dor é bacana, mas a pressão por um resultado positivo fica ainda maior”, enfatiza.
Se conectar com outras mulheres, criar expectativas, histórias e roteiros aumenta a responsabilidade, então para a psicanalista e professora, a decisão de gestar em silêncio, neste momento, é extremamente sábia. Deve ser o primeiro movimento da gestação: ‘o eu comigo mesma’. É importante parar, recuperar a fé, olhar para si mesma e voltar a ser a menina que sonhava e que acreditava no poder da mente.
“Quando a gente entra nesse lugar de acessar traumas, medos e dores, a gente dissocia da realidade e cria uma situação de ansiedade pela gestação, onde passamos a querer controlar as coisas e aí nos desconectamos da realidade, que são os pequenos prazeres, o momento e todo o processo. Essa ansiedade e expectativa que é gerada não só por ela, mas pela família e pelo externo é pesada demais”, revela.
Ana Lisboa lembra ainda que pouco se comenta, mas a “epidemia” de dificuldade para engravidar e perdas gestacionais que estamos vivendo não é normal. “Sobre as perdas, a gente fala dentro da psicanálise que essa criança veio, essa mulher é mãe porque o organismo dela já sentiu o feto, então mesmo quando se tem um aborto, como é o caso da própria Mariana Rios, ela já sentiu todas as sensações, ela sentiu amor pela criança, já criou expectativas e isso precisa ser vivido, o luto de uma história que não aconteceu. Não é um processo fácil, mas precisa trabalhar em terapia e ressignificar essa dor para conseguir ser mãe novamente”.