A obesidade é uma doença crônica que, assim como o diabetes e a hipertensão, não possui cura definitiva, mas pode ser controlada. Caracteriza-se pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, resultante de um desequilíbrio entre a ingestão calórica e o gasto energético. O Índice de Massa Corporal (IMC) é a medida mais utilizada para diagnosticar a obesidade, sendo considerado obeso o indivíduo com IMC igual ou superior a 30.
Nesse cenário, Manaus destaca-se como uma das capitais brasileiras com os índices mais elevados de obesidade. De acordo com a pesquisa Vigitel 2023, pelo menos 27% da população adulta da cidade é obesa, o que corresponde a mais de 557 mil pessoas. Além disso, 63% dos adultos estão com sobrepeso.
Esses índices são superiores à média nacional, que apresenta 24% de obesidade e 61% de sobrepeso. A situação é ainda mais preocupante entre as mulheres manauaras: 64,5% estão com sobrepeso (IMC entre 25 e 30) e 27,5% são obesas. Esses números evidenciam que a população feminina é mais afetada pela obesidade do que a masculina.
A obesidade é uma condição multifatorial, influenciada por aspectos hormonais, comportamentais e sociais. A nutróloga e especialista em obesidade da Clínica MBYÁ, localizada em Manaus, Fernanda Soares, explica que, no caso das mulheres, fatores hormonais desempenham um papel significativo.
“As oscilações hormonais durante o ciclo menstrual, gestação, pós-parto e menopausa podem impactar o metabolismo feminino, tornando-o mais suscetível ao acúmulo de gordura”, destaca a especialista. Além disso, questões metabólicas, como resistência insulínica e retenção de líquidos, também contribuem para o ganho de peso.
Do ponto de vista social, admite a nutróloga, padrões estéticos impostos pela sociedade podem levar mulheres a adotarem dietas restritivas e desenvolverem relações disfuncionais com a alimentação. “A dupla jornada, conciliando trabalho e responsabilidades domésticas, frequentemente limita o tempo que as mulheres têm para cuidar de si mesmas, o que pode afetar negativamente seus hábitos alimentares e níveis de atividade física”, acrescenta Fernanda Soares.
» COMO FREAR A OBESIDADE – Para reverter o cenário alarmante da obesidade em Manaus, é essencial a implementação de políticas públicas abrangentes. Fernanda Soares sugere algumas medidas, como a isenção de impostos para alimentos naturais e maior taxação sobre industrializados, proibição de propagandas de produtos ultraprocessados voltadas para crianças, educação alimentar desde a infância, incentivo à atividade física e políticas públicas para garantir uma nutrição adequada nas escolas. “Além disso, é necessário combater o preconceito contra a obesidade, promovendo informação e desmistificando a condição, além de incentivar o aleitamento materno como forma de prevenção da obesidade infantil.
» TRATAMENTOS – A nutróloga garante que o tratamento da obesidade requer um acompanhamento multiprofissional, com o médico atuando como peça-chave: “Com exames de composição corporal e avaliação laboratorial em mãos, define-se um plano para controle da ingesta alimentar por meio de medicamentos, suplementos, hormônios e mudança de hábitos, todos realizados a longo prazo e de forma contínua, com base científica”.
No decorrer do tratamento é comum que surja a flacidez para a qual antigamente não se tinha tratamento. “Hoje, no entanto, contamos com equipamentos seguros e com comprovação científica que minimizam esse efeito, como o ultrassom micro e macrofocado e a radiofrequência associada ao campo magnético. Além disso, aquela gordurinha localizada também pode ser eliminada sem necessidade de uma cirurgia plástica, por meio do lipocongelamento seletivo, procedimento que elimina as células de gordura de forma definitiva”, informa Fernanda.
A especialista também explica que, no processo de perda de peso, a atividade física exerce papel fundamental, mas são frequentes as queixas de vergonha, falta de disposição e até mesmo lesões no período inicial. “Para esses casos, existem soluções tecnológicas que trabalham a musculatura em contrações supra-máximas, que não podem ser alcançadas com atividade física convencional, sem os efeitos colaterais, como aumento do ácido láctico, e sem forçar as articulações”, adverte.
» RESULTADOS – Fernanda Soares lembra que todos os tratamentos tecnológicos atuam de forma conjunta e não anulam ou dispensam a realização de outras práticas físicas, mas funcionam como um suplemento eficaz para aqueles que desejam e podem investir em busca de resultados mais rápidos, seguros e que modelam o corpo de forma acelerada. “Ou seja, a ciência avançou no combate à obesidade, e é importante que a população tenha conhecimento sobre isso, para que possa viver a longevidade que a ciência pode proporcionar, mas com saúde e qualidade de vida”, finaliza.
» SOBRE FERNANDA SOARES :::: Médica especializada em nutrologia, formada pela Universidade Federal do Amazonas com especialização na mesma área pela associação brasileira de nutrologia – ABRAN. Ela é reconhecida por sua abordagem científica e humanizada na promoção da saúde e bem-estar de seus pacientes. Com atuação baseada em evidências científicas, ela diagnostica e trata doenças relacionadas à alimentação e ao metabolismo, indo além do emagrecimento para abordar deficiências nutricionais, distúrbios metabólicos e inflamações.