Durante o Carnaval, a ingestão de bebidas alcoólicas tende a aumentar entre os foliões. No Brasil, o consumo de álcool já supera a média global. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a média anual per capita no país é de 7,7 litros, enquanto no mundo esse número é de 5,5 litros. No entanto, muitos não sabem que o álcool, quando ingerido com certos tipos de medicamento, pode reduzir a eficácia do remédio ou até causar efeitos colaterais graves.
Dafne Cristina Lopes Estevão, farmacêutica da rede de drogarias Farmais, ressalta que mesmo remédios isentos de prescrição podem ter interações perigosas com o álcool. “É fundamental consultar a bula e buscar orientação de um farmacêutico antes de consumir qualquer medicamento com bebida alcoólica. O álcool e os medicamentos são metabolizados no fígado, e essa interação pode comprometer a eficácia dos remédios ou potencializar seus efeitos colaterais”, afirma.
Dependendo do tipo de medicamento, o álcool pode reduzir sua absorção, tornando-o menos eficaz, ou aumentar sua concentração no organismo, elevando o risco de overdose. Algumas combinações, como antidepressivos, remédios para insônia e analgésicos, podem provocar sonolência extrema, queda da frequência cardíaca e respiratória, e, em casos graves, levar ao coma ou até à morte.
A recomendação é que os foliões tenham atenção redobrada ao consumo de álcool, especialmente se estiverem sob tratamento médico, evitando possíveis complicações que possam transformar a festa em um problema de saúde.
Certos medicamentos também interagem com tipos específicos de bebida alcoólica. Por exemplo, antibióticos como metronidazol – que atende uma ampla gama de doenças e é de uso comum no Brasil, podem causar efeitos colaterais mesmo após a interrupção do tratamento. Já os inibidores da monoamina oxidase, enzima que quebra neurotransmissores como a dopamina, norepinefrina e serotonina, usados para depressão, podem provocar um perigoso aumento da pressão arterial quando combinados com cervejas artesanais ou caseiras.
Confira alguns efeitos colaterais da interação entre álcool e medicamentos:
- Hepatite medicamentosa: mistura de álcool e paracetamol
- Potencialização do efeito do álcool: dipirona
- Sangramentos gastrointestinais: ácido acetilsalicílico (AAS) e anti-inflamatórios
- Tontura, vertigem, fraqueza e confusão: inibidores de apetite
- Hipoglicemia: insulina
- Aumento do efeito sedativo e risco de insuficiência respiratória: calmantes e antidepressivos
- Vômitos, palpitação e cefaleia: antibióticos
- Redução da eficácia e risco de intoxicação: anticonvulsivantes
Como se proteger?
A recomendação é simples: se você faz uso de qualquer medicamento, converse com seu médico ou farmacêutico antes de consumir bebidas alcoólicas. Também é importante ler atentamente a bula dos remédios para evitar riscos desnecessários.
Para quem quer aproveitar o Carnaval sem preocupações, a dica é beber com moderação, manter-se hidratado e, sempre que possível, optar por alternativas não alcoólicas. Afinal, a festa é muito mais divertida quando a saúde está em dia!