O Dia da Natureza, celebrado em 4 de outubro, é uma data para reflexão sobre as questões e uso adequado dos recursos que a natureza oferece. Conhecer para conscientizar e conservar é o que tem motivado o Governo do Amazonas a investir em pesquisas científicas, tecnológicas e de inovação, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Um desses estudos na área da sustentabilidade e equilíbrio do meio ambiente é o “Biocarvão de cascas de cupuaçu como suporte alternativo para catalisadores em células a combustível à álcool”, amparada pelo Programa de Apoio à Interiorização em Pesquisa e Inovação Tecnológica no Amazonas (Painter+) – Edital Nº 006/2022.
O Biocarvão produzido a partir das cascas do cupuaçu aponta resultados positivos como: a minimização do descarte das cascas de cupuaçu em lixeiras públicas, pois os resíduos gerados pela agroindústria e por agricultores familiares, durante a produção de polpas, podem ser utilizados para a produção de biocarvão, conforme destaca coordenadora da pesquisa, a doutora em Química e professora do Instituto Federal do Amazonas (Ifam) – Campus Parintins (distante 369 quilômetros de Manaus), Vera Lucia da Silva Marinho.
A pesquisa, ainda não concluída, é realizada no Laboratório de Eletroquímica e Energia do Instituto, e sinaliza outros resultados como a utilização do produto no desenvolvimento de pesquisas de catalizadores empregados em células a combustível à álcool, que é uma fonte de energia alternativa. “Além de poder ser utilizado como condicionador de solo para retenção de água e nutrientes para diversas culturas, assim como na utilização em filtros para purificação de água em diversos sistemas”, completou Vera Lúcia Marinho.
Processo
As cascas de cupuaçu estão sendo fornecidas pela comunidade rural de Nossa Senhora das Graças do Maranhão, em Parintins, por ser uma das comunidades rurais que mais trabalha com a produção de polpas, assim, além do aproveitamento do resíduo, também servirá de impulso aos agricultores familiares que vendem a polpa e para que, também, produzam o biocarvão que pode ser usado como adubo, contribuindo para o aumento da economia no estado.
Após secarem, as cascas são trituradas e levadas para carbonização em mufla (um tipo de forno usado para aplicações em altas temperaturas), onde as mesmas são queimadas a 400 º C, depois são ativadas com o uso de ácido fosfórico para aumentar a cavidade no biocarvão. Após esse processo, o biocarvão será filtrado e lavado com água destilada até atingir o pH neutro, como explicou a coordenadora.
“A pesquisa está na etapa intermediária do projeto, que consiste na caracterização físico-química do biocarvão de cascas de cupuaçu para se conhecer a quantidade de elementos presentes no biocarvão, empregando a técnica de Difração por Raios X”, acrescentou a pesquisadora.
Apoio
Essa e outras pesquisas fomentadas pela Fapeam buscam, por meio da ciência, contribuir para um melhor aproveitamento dos recursos naturais do Amazonas. Sobre esse investimento, Vera Lúcia destaca que o apoio da Fapeam é importante para o desenvolvimento de pesquisas na região nos diversos segmentos, onde a ciência pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, do meio ambiente e geração de renda.
“A Fapeam tem grande importância como apoiadora da proposta, pois com o suporte financeiro foi possível adquirir os insumos e equipamentos necessários para colocar o projeto em desenvolvimento utilizando como matéria prima produtos existentes em nossa região”, completou a pesquisadora.
Painter +
O Programa de Apoio à Interiorização em Pesquisa e Inovação Tecnológica no Amazonas (Painter+) visa fomentar a interiorização de atividades de pesquisa aplicada e de inovação tecnológica, por meio de indução em áreas estratégicas, especialmente para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do estado do Amazonas, com a finalidade de aplicação de seus resultados na resolutividade/minoração de problemas específicos dos municípios do interior do estado.