Nos dias 28, 29 e 30 de maio, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e instituições parceiras realizarão o I Seminário Internacional de Uso Sustentável e Tecnologias Alimentares para a Piscicultura Familiar na Amazônia (Sustenta). O evento acontecerá no Auditório da Ciência do Inpa, das 8h às 17h, e reunirá especialistas da Amazônia brasileira, peruana, colombiana e boliviana para discutir inovações e soluções sustentáveis para a piscicultura.
De acordo com a pesquisadora do Inpa e coordenadora do Sustenta, Ligia Uribe Gonçalves, o foco do simpósio é a piscicultura familiar e os debates serão voltados para o desenvolvimento da atividade na Amazônia, por meio da inovação.
“Vamos discutir desde o panorama da produção de peixes amazônicos até a bioeconomia, passando por produção de rações não convencionais e sistemas integrados, tudo focado na piscicultura familiar”, explica Uribe, que possui graduação, doutorado e pós-doutorado em Zootecnia, com ampla experiência na área de aquicultura, com ênfase em nutrição de peixes.
No Brasil e no mundo, é crescente o consumo de pescado – uma importante fonte de proteína para os seres humanos-, que é em parte sustentado pela piscicultura. De acordo com Gonçalves, 90% da piscicultura do Amazonas é de origem familiar, o que torna ainda mais fundamental o desenvolvimento de técnicas e métodos adaptados à realidade local, que facilitem a produção de peixes e que sejam mais eficientes.
Durante os três dias serão realizadas mais de 30 atividades. A mesa de abertura será às 9h do 28 de maio, com a presença do diretor do Inpa, Henrique Pereira; do secretário da Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), Daniel Pinto Borges; do presidente do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), Vanderlei Alvino; da presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Márcia Perales Mendes Silva; e de representante do Ministério da Pesca e Aquicultura, ainda a confirmar.
O Sustenta é realizado pelo Inpa e instituições parceiras: Instituto Federal do Amazonas (Ifam), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade Nilton Lins, Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam) e Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror). Conta com a participação dos Programas de Pós-Graduação em Aquicultura (Nilton Lins em associação com o Inpa) e em Ciência Animal e Recursos Pesqueiros (Ufam), e apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Inscrição e novidades
Uma novidade do evento é que o Sustenta oferecerá aos pais participantes atividades de recreação gratuitas para os filhos. Também haverá tradução simultânea (português/espanhol), além de palestras com temas emergentes para o fortalecimento da piscicultura familiar na Amazônia.
Para inscrever-se e ter mais informações sobre a programação acesse: www.redepeixecaboclo.com.br. Interessados em submeter trabalhos para publicação nos anais do evento têm até 30 de abril.
Rede Peixe Caboclo
O Sustenta será palco para o lançamento oficial da Rede Peixe Caboclo, uma rede de pesquisa e extensão tecnológica que tem o objetivo de encontrar soluções para produzir ração formulada com ingredientes amazônicos, de forma artesanal e comercial. É formada por profissionais de várias instituições nacionais e internacionais. O lançamento será no dia 29 de maio, às 16h45.
“A colaboração entre os diferentes elos (produtores, pesquisadores, estudantes, profissionais) e nacionalidades é fundamental para o intercâmbio de conhecimentos, experiências e práticas inovadoras no campo da piscicultura sustentável. A união desses profissionais possibilita a criação de soluções mais eficazes e adaptadas às realidades locais, promovendo a sustentabilidade e a viabilidade econômica da piscicultura familiar na Amazônia”, conta Uribe.
A Rede Peixe Caboclo pesquisa a produção de ração para alimentar os peixes a partir de matérias-primas amazônicas, como a mandioca. A intenção é aproveitar as potencialidades da biodiversidade amazônica, de resíduos, e diminuir a dependência da importação da ração e de ingredientes de outros estados, pois encarece o processo de produção da piscicultura e torna o peixe produzido no Amazonas mais caro que os oriundos de outros estados.
Na produção de ração com mandioca são utilizadas as folhas, as cascas e a crueira – os resíduos que ficam após a produção da farinha e da extração da goma de tapioca, alimentos populares para a população local. Como fonte de proteína, são utilizadas farinhas de peixe regional e de coprodutos de animais terrestres. Os pesquisadores também apostam nas larvas de insetos como um ingrediente potencial a ser desenvolvido na Amazônia.
“A alimentação equilibrada durante o desenvolvimento dos peixes, além de garantir um pescado saudável e de qualidade, influencia na saúde do consumidor final”, ressalta Uribe.
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