Nesta terça-feira (19/07), ocorreu a segunda Audiência de Instrução relacionada a morte do motorista do transporte especial Sérgio Fragoso Monteiro, de 50 anos, dentro de sua casa localizada no bairro Vila da Prata, na zona Oeste de Manaus, no dia 18 de junho do ano passado, durante a “Operação Coalização do Bem” deflagrada pela Polícia Civil em apoio a Polícia Civil do Rio de Janeiro quando houve aqueles ataques incendiários em Manaus atribuídos a facção criminosa.
O Juiz Mauro Antony, da 3ª Vara do Tribunal do Juri, foi quem ouviu os policiais que participaram da Operação que resultou na morte do motorista Sérgio que era pai Felipe, sendo o filho dele alvo da operação, porém não morava mais na casa dos pais.
Participaram da Audiência um representante do Ministério Público do Amazonas, o assistente de acusação do MP advogado Vilson Benayon, além dos advogados de defesa do policial Adans Vale Pachla, acusado de ter dado o tiro que matou o motorista quando ele abriu a porta de sua casa. Todos fizeram perguntas aos policiais sobre o dia da ação.
Em seu depoimento, o policial Adans Pachla disse que entrou na casa junto com o policial Marcelo, a dupla estava fardada e alertaram que eram policiais como é de praxe nas operações. Ele ficou em frente a porta, contou que ouviram a porta abrir e fechar, viram um vulto foi quando o policial Marcelo quebrou o vidro e, segundo Adans, o motorista abriu a porta indo na direção dele e com as duas mãos tentou tirar o seu fuzil T4, então ele atirou em Sérgio que caiu no meio da porta.
Porém esta versão de Adans contradiz com o que foi relatado pela esposa do motorista que estava na casa no dia do crime, quando ela depôs na primeira Audiência de Instrução, para a juíza da 3a. Vara do Tribunal do Júri, Eliane Paixão e Silva Gurgel do Amaral, no dia 09 de junho deste ano.
Na primeira Audiência Marcilene Machado, foi ouvida pela juíza de forma virtual, no escritório do assistente de acusação advogado Vilson Benayon. Segundo a viúva, os policiais não se identificaram. “Vieram em silêncio e aconteceu essa tragédia, agora estão mentindo dizendo que se identificaram, se eles tivessem se identificado nada disso teria acontecido porque meu marido teria aberto a porta e deixaria eles entrarem para fazer o que vieram fazer, não trouxeram o mandado, foi totalmente ilegal essa operação”, denunciou Marcilene.
A Audiência de Instrução terminou com o pedido do assistente de acusação do MP, Vilson Benayon, para que filmagens fossem colocadas nos autos do processo. “Durante a instrução um dos policiais informou que existia filmagens, solicitamos do Juiz que estas filmagens fossem juntadas aos autos com o objetivo de esclarecer e, principalmente, comprovar que seu Sergio morreu na hora com um tiro de fuzil no peito, caiu morto e os policiais (dupla que entrou na casa) com objetivo de ocultar ou dificultar a comprovação do crime levaram seu corpo até o hospital 28 de agosto, onde foi atestado sua entrada ás 5h40min, comprovando que os policiais adentraram na casa de seu Sérgio antes de amanhecer o dia, um crime em que nós não podemos nos calar”, disse o advogado Vilson Benayon.
Já a viúva Marcilene que conversou com a imprensa diz está confiante na justiça, “o que mais desejamos é que a justiça seja feita para que não aconteça mais com outras famílias, que não passem por essa dor que a gente está passando”, disse Marcilene.