A Banca do Largo recebe, nesta sexta-feira (09), a jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum, para um bate-papo e sessão de autógrafos do livro “Banzeiro òkòtó: Uma viagem à Amazônia Centro do Mundo”, finalista do Prêmio Jabuti 2022. O evento no Largo de São Sebastião, no Centro, inicia às 17h, com o lançamento de “Brilhos na Floresta em Cordel”, da cordelista Cíntia Moreira e do xilogravurista digital Bruno Máximo.
Esta é a terceira vez que Eliane Brum lança um livro na Banca do Largo. Segundo o produtor cultural Joaquim Melo, em 2017, a autora veio a Manaus para apresentar “O olho da rua: Uma repórter em busca da literatura da vida real” e, em 2019, foi a vez de “Brasil, construtor de ruínas: Um olhar sobre o país, de Lula a Bolsonaro”.
“Conheci Eliane Brum em maio de 2015, quando ela participou do Cruzeiro Literário promovido pela Livraria da Vila, de São Paulo. Ela é atualmente uma das mais importantes e premiadas jornalistas do Brasil”, destaca o organizador.
Tradição – Eliana Brum destaca que lançamentos de obras no Largo de São Sebastião tem se tornado uma superstição.
“É uma honra lançar livros em Manaus na Banca do Largo, naquela praça tão povoada de histórias. E é na rua e não num shopping, para onde foram segregadas grande parte das livrarias. É um lugar maravilhoso, único”, afirma a escritora. “Esta será a primeira vez que lanço ‘Banzeiro òkòtó’ numa livraria”.
Do ponto de vista da autora, ‘Banzeiro òkòtó’ é um livro bastante inclassificável. A publicação fala de um percurso de 25 anos de cobertura das Amazônias, que foi também um percurso interno que levou Eliane Brum a deixar São Paulo para morar em Altamira, em 2017.
“Entendi que, num momento de colapso climático, os centros do mundo são onde está a vida – e não onde estão os mercados. Queria cobrir a Amazônia desde dentro, mudando a perspectiva e a direção do meu olhar”, explica a documentarista. “Isso me mudou profundamente e mudou também o meu jornalismo. ‘Banzeiro òkòtó’ conta das reportagens que fiz, do caminho que percorri e da minha transfiguração interna na minha busca por me reflorestar”.
Lançado primeiro em português, em março, a obra vai chegar aos Estados Unidos e no Reino Unido, em inglês. Em 2023 vai ser lançado ainda na França, Espanha, Itália e Bulgária. “Banzeiro òkòtó” foi reconhecido pelo Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos como “Melhor Livro-Reportagem, em 2022.
“A grande guerra do nosso tempo é aquela movida contra a natureza pela minoria dominante dos humanos encastelados nas grandes corporações transnacionais. Neste sentido, ‘Banzeiro òkòtó’ é um manifesto para lutar ao lado da natureza e dos povos-natureza. É um manifesto para recuperar o instinto de sobrevivência e lutar”, define.
Cordel – A cordelista Cíntia Moreira e o xilogravurista digital Bruno Máximo, ambos da Paraíba, estão na cidade para apresentar “Brilhos na Floresta em Cordel”. A obra reconta a história do livro “Brilhos da Floresta” publicado por Ishikawa e co-autores em 2019, ocorrida em Manaus entre o indígena Aldevan Baniwa e os cientistas Noemia Ishikawa, do Inpa, e Takehide Ikeda, da Universidade de Kyoto, quando viram os fungos bioluminescentes pela primeira vez, em 2017.
“O cordel de Cíntia traz a novidade de unir a literatura de cordel, muito popular no Nordeste, com divulgação científica sobre os cogumelos da Amazônia, somado a inovação do uso de xilogravura no formato digital de Bruno”, comenta a pesquisadora Noemia Ishikawa. “Uma combinação inédita que tenho certeza que vai agradar a todos e uma forma de popularização da ciência e da literatura com preço acessível que pode levantar tendências”.