Ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) são algumas das marcas silenciosas deixadas por grandes tragédias ambientais. No Brasil, a crise climática tem se traduzido em desastres cada vez mais frequentes e destrutivos — como as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em 2024 —, afetando não apenas o espaço físico das cidades, mas também o equilíbrio emocional de milhares de pessoas.
Segundo levantamento da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a exposição contínua a eventos climáticos extremos aumenta em até 40% o risco de transtornos mentais. Dados do Ministério da Saúde mostram que, apenas em 2023, o número de atendimentos psicossociais emergenciais em áreas de calamidade cresceu 35% em relação ao ano anterior.
Apesar do avanço do Projeto de Lei 1883/24, que propõe a criação de uma Política Nacional de Cuidados em Saúde Mental para Situações de Desastres — aprovado recentemente na Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados —, ainda não há respostas concretas nas regiões atingidas. A ausência de uma rede de atenção estruturada tem forçado milhares de vítimas a lidar sozinhas com o trauma, agravando o sofrimento psíquico e dificultando a reconstrução emocional após o desastre.
Enquanto o poder público não implementa uma resposta efetiva, a sociedade civil tem atuado na linha de frente. É o caso da ONG HUMUS, organização humanitária brasileira especializada em prevenção e resposta a desastres, que criou o programa Primeiros Cuidados Psicológicos em Desastres (PCPD). A iniciativa oferece capacitação gratuita para profissionais da saúde, assistência social, resgate, psicologia e voluntariado, com foco no suporte emocional imediato nas primeiras 72 horas após a tragédia — janela considerada crítica para conter os impactos mentais mais severos.
A HUMUS já atuou em regiões como o sul da Bahia, Petrópolis (RJ), São Sebastião (SP), Vale do Paraopeba (MG), Rio Grande do Sul, além de missões internacionais no Haiti e na Turquia. Por meio do PCPD, milhares de agentes locais foram formados para reconhecer e acolher vítimas em estado de choque, luto ou vulnerabilidade emocional.
Sugerimos entrevista com Leo Farah, fundador da ONG e referência nacional em resposta humanitária, que pode comentar temas como:
- Os impactos psicológicos mais frequentes em populações atingidas por desastres
- A urgência de uma política pública nacional de saúde mental para emergências
- A importância do acolhimento emocional nas primeiras 72 horas após o trauma
- Como a HUMUS capacita agentes locais e protege a saúde emocional de suas equipes
- Histórias reais de transformação a partir do apoio emergencial em regiões afetadas
- O papel da sociedade civil no cuidado emocional e na construção da resiliência comunitária
Sobre o PCPD – Primeiros Cuidados Psicológicos em Desastres
O PCPD é uma formação emergencial com metodologia própria baseada na técnica AFAM (Aprender, Fazer, Aplicar, Mostrar). O programa combina teoria, simulações práticas e atividades sobre escuta ativa, manejo de crises, autocuidado e suporte entre equipes. Os workshops são gratuitos, com turmas de até 100 participantes e emissão de certificado ao final.