O Dia Mundial do Lúpus, celebrado em 10 de maio, deixa em evidência o LES (Lúpus Eritematoso Sistêmico), doença crônica que pode afetar múltiplos órgãos e pode impactar inclusive a fertilidade. O diagnóstico é feito por reumatologistas, combinando sintomas e exames imunológicos.
Nessa data, especialistas alertam para os desafios enfrentados por gestantes com lúpus eritematoso sistêmico (LES), doença autoimune que afeta entre 150 mil e 300 mil brasileiros, principalmente mulheres em idade fértil (20 a 45 anos). Durante a gravidez, o acompanhamento médico rigoroso e o planejamento são essenciais para reduzir riscos como pré-eclâmpsia, parto prematuro e complicações fetais.
De acordo com o Dr. Vamberto Maia Filho, ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana, o LES e seus tratamentos podem afetar a fertilidade. “Medicamentos como a ciclofosfamida (usada em casos graves) aumentam o risco de falência ovariana prematura, enquanto a própria doença pode reduzir a reserva ovariana. Por isso, pacientes que desejam engravidar devem discutir com seu reumatologista, que deve trabalhar em conjunto com o ginecologista responsável pelo pré-natal, para definir alternativas terapêuticas antes da concepção”, ressalta.
Riscos aumentados de pré-eclâmpsia e trombose
De acordo com o Dr. Vamberto, gestantes com lúpus têm maior probabilidade de desenvolver complicações como pré-eclâmpsia (especialmente em pacientes com anticorpos antifosfolipídicos) e trombose, associada à síndrome do anticorpo antifosfolipídico (SAF).
“Estudos recentes indicam que mulheres grávidas com LES apresentam um risco significativamente maior de complicações obstétricas adversas, incluindo parto prematuro (hipertensão e pré-eclâmpsia), restrição de crescimento intrauterino e baixo peso ao nascer Por isso, o acompanhamento deve ser multidisciplinar (reumatologista, obstetra e, se necessário, nefrologista), com consultas trimestrais e exames específicos para monitorar a atividade da doença e a saúde fetal”, indica.
Além disso, há maior risco de parto prematuro e restrição de crescimento fetal, devido a disfunções placentárias. “O lúpus também pode levar a disfunções placentárias, que são um fator contribuinte para a restrição de crescimento intrauterino e outras complicações perinatais”, acrescenta o médico especialista.
Amamentação e Medicamentos
A segurança do aleitamento materno em pacientes que utilizam imunossupressores depende do tipo específico de medicamento em uso, segundo o Dr. Vamberto. “De acordo com a literatura médica, alguns imunossupressores são considerados compatíveis com a amamentação, enquanto outros não são recomendados devido à falta de dados ou potenciais riscos”, resume.
Segundo o especialista, medicamentos como tacrolimus, ciclosporina, azatioprina e corticosteróides são geralmente considerados seguros durante a amamentação. “A decisão de amamentar enquanto se utiliza imunossupressores deve ser baseada em uma avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios, considerando o tipo específico de medicamento e a disponibilidade de dados de segurança”, finaliza o médico.