A sala de aula é um ambiente dinâmico e desafiador, onde professores lidam diariamente com a missão de transmitir conhecimento para alunos com diferentes perfis, ritmos de aprendizado e necessidades específicas. A busca por um ensino que contemple essa diversidade ainda enfrenta barreiras estruturais e metodológicas, tornando a inclusão um dos maiores desafios da educação contemporânea.
Cada aluno traz consigo uma maneira única de aprender, e no caso de estudantes neurodivergentes — como aqueles com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), dislexia, síndromes, entre outras condições — a necessidade de adaptação torna-se ainda mais evidente. Muitos professores precisam equilibrar o ensino de conteúdos tradicionais com estratégias pedagógicas diferenciadas, mas frequentemente encontram dificuldades para acessar metodologias e recursos adaptativos que realmente funcionem na prática.
Além dos desafios individuais, o número elevado de alunos por turma, a carga administrativa extensa e a pressão para cumprir conteúdos curriculares dificultam ainda mais a personalização do ensino. Sem suporte adequado, professores precisam improvisar métodos para tornar as aulas mais acessíveis, enfrentando uma realidade que exige criatividade, resiliência e constante aprendizado para atender às diversas necessidades educacionais.
Um estudo apresentado no último Congresso Nacional de Educação (CONEDU) destacou o papel das tecnologias digitais na educação inclusiva e os desafios enfrentados por professores na adaptação de conteúdos para alunos com necessidades específicas. Segundo a pesquisa, dispositivos eletrônicos e ferramentas de inteligência artificial podem ser aliados nesse processo, desde que sejam bem integrados ao planejamento pedagógico.
Com o avanço da inteligência artificial e das soluções digitais, novas ferramentas vêm sendo desenvolvidas para apoiar os professores na adaptação dos conteúdos e proporcionar uma experiência de aprendizado mais personalizada para cada aluno, ampliando as possibilidades da educação inclusiva.
A EduFlex, startup focada na inclusão escolar, surge como um exemplo de inovação ao desenvolver uma solução baseada em protocolos de avaliação próprios que guiam o professor na identificação do perfil do aluno e suas necessidades educacionais. A partir disso, gera documentos norteadores, como o PEI (Plano Educacional Individualizado) e currículo adaptado, com objetivos a curto, médio e longo prazo. Seguindo então com a geração de atividades adaptadas e personalizadas com o uso da Inteligência Artificial. Em parceria com a Performa_IT – empresa full service provider de soluções tecnológicas, referência em transformação digital e inteligência artificial – que desenvolveu uma IA para a plataforma, os professores têm acesso à conteúdos personalizados de forma automatizada, garantindo que o ensino seja acessível e alinhado às necessidades individuais dos estudantes neurodivergentes. A iniciativa reflete os avanços apontados pelo estudo e demonstra como a tecnologia pode ser aplicada de maneira concreta para ampliar a inclusão nas escolas.
Uma vivência pessoal que se tornou um projeto educacional digital
O projeto EduFlex surgiu da trajetória de Daniela Arouca como mãe e profissional. Ao lidar com a educação do próprio filho, que apresenta dificuldades de aprendizagem devido a uma síndrome, ela percebeu lacunas no modelo de inclusão adotado pelas escolas.
“Quando meu filho chegou à fase escolar, percebi que faltava estrutura e que outras famílias também passavam por dificuldades e dúvidas. Então, criei uma consultoria com um processo de inclusão, que transformei em um processo digital.”
Para Daniela, a plataforma tem um papel essencial tanto para os professores quanto para os pais:
“Como família, vejo a ferramenta como algo fundamental, pois vai dar sentido ao aprendizado do meu filho. Nós vamos entender o que ele está aprendendo e o que está precisando. Como profissional, acredito que a solução traz segurança para as famílias. Elas poderão ver e acompanhar o que seus filhos estão produzindo na escola.”
“Como família, vejo a ferramenta como algo fundamental, pois vai dar sentido ao aprendizado do meu filho” – Daniela Arouca com o filho
Essa transparência no acompanhamento do aprendizado ajuda a fortalecer a conexão entre escolas e famílias, permitindo uma rede de apoio mais eficaz para os alunos.
Foi justamente esse cenário que motivou a EduFlex a criar uma plataforma que, de forma intuitiva, conduz o professor a encontrar o perfil de aprendizado de cada aluno, respeitando suas predominâncias sensoriais e funções executivas e cria um PEI (Plano Educacional Individualizado) bem estruturado para então, em parceria com a Performa_IT, trazer uma solução capaz de personalizar e adaptar as atividades escolares.
Como a Inteligência Artificial pode ajudar na inclusão escolar?
A solução desenvolvida pela Performa_IT em cocriação com a Eduflex usa inteligência artificial para criar e adaptar atividades de acordo com os protocolos desenvolvidos. Segundo André Panagutti, CTO da Performa_IT, um dos responsáveis pelo projeto:
“Nosso objetivo foi criar uma tecnologia que realmente compreenda o aluno e personalize as atividades de maneira intuitiva. A IA analisa diferentes fatores, como preferências sensoriais e funções executivas, para oferecer um ensino mais acessível e eficiente.”
A equipe da Performa_IT foi responsável pela arquitetura técnica, desenvolvimento da solução e integração dos recursos de IA, garantindo que a experiência do usuário refletisse a metodologia educacional da Eduflex.
Paganuchi ressalta a importância da IA nesse cenário:
“A Inteligência Artificial tem um papel fundamental na transformação educacional ao permitir que professores criem, adaptem e personalizem atividades com muito mais agilidade e precisão. Em contextos tão diversos e desafiadores como o brasileiro, a IA atua como uma aliada ao tornar possível que educadores respondam às necessidades específicas de cada aluno, respeitando seu ritmo e estilo de aprendizagem.”