Especialista explica que a diferença entre conter e acolher está no preparo dos profissionais. Sem a formação adequada dos profissionais e cuidadores que convivem com pessoas autistas, o acolhimento falha e todos sofrem. A empatia deve ser o primeiro passo do aprendizado. A psicóloga Camila Canguçu Fernandes fará palestra sobre o tema na próxima quinta-feira, dia 17 , às 9h30, no Salão Vermelho da Prefeitura de Campinas. O evento está inserido na “Campanha Abril Azul 2025 – Autismo: informação gera empatia, empatia gera respeito”, promovida pela Secretaria Municipal de Assistência Social. Dados do CDC -Centro de Controle e Prevenção de Doenças Americano – indicam que uma em cada 36 crianças está dentro do espectro do autismo, ou seja, na maioria das salas de aula há estudantes TEA.
Um vídeo que circula desde o final de março e provocou reportagem no jornal O Estado de São Paulo no último dia 11 de abril gerou comoção e indignação ao mostrar uma professora de uma escola particular de Campinas (interior de São Paulo) segurando, com aparente uso de força, uma criança de 6 anos de idade durante uma crise de desregulação. A criança, segundo informações da reportagem que divulgou o caso, é portadora do transtorno do espectro do autismo (TEA) e não é verbal. As imagens levantaram novamente uma discussão urgente: a necessidade de capacitação adequada para profissionais da Educação no manejo de comportamentos relacionados ao autismo e outras deficiências.
A psicóloga Camila Canguçu, especialista em ABA (Análise Aplicada do Comportamento), método científico mais estudado e eficaz para o tratamento de autismo, será uma das quatro palestrantes do PRATEA – Programa de Atenção aos Transtornos do Espectro do Autismo -, justamente sobre a necessidade de se preparar pais, professores e demais profissionais para o manejo de comportamento disruptivos no autismo. A palestra será na próxima quinta-feira, dia 17 de abril, às 9h30, no Salão Vermelho da Prefeitura de Campinas. O evento está inserido nas ações da “Campanha Abril Azul 2025 – Autismo: informação gera empatia, empatia gera respeito”. Camila é supervisora do PRATEA da Faculdade de Medicina da Unicamp, e proprietária da clínica de capacitação de pais e profissionais cuidadores de pessoas com deficiência, CARE Treinamentos.
Caso de Campinas
O caso em Campinas não apenas pode levar a uma judicialização do ocorrido, como também escancarou a dor das famílias. “Eu também sou mãe de TEA e imagino o que essa família está passando” diz Camila. Para mães e pais é angustiante assistir a cenas como a registrada no vídeo, principalmente diante da consciência de que, com o suporte adequado, muitas dessas situações poderiam ser evitadas. A falta de investimento na capacitação de profissionais acaba colocando a escola em risco, aumentado a chance de processos por parte das famílias envolvidas, já que as crianças têm direito a vagas nas escolas e a profissionais capacitados. A situação reforça a urgência de políticas públicas e iniciativas escolares voltadas à formação de professores e equipes de apoio. “Sinto que os professores querem essa capacitação, eles pedem, mas falta investimento. Todos sofrem quando o manejo é feito de forma inadequada: a criança, os colegas de sala, os pais, os professores. O aprendizado precisa começar pela empatia”, conclui a especialista.