Quedas, sufocamentos, queimaduras, afogamentos e intoxicações que ocorrem acidentalmente dentro de casa são as principais causas de morte infantil no Brasil na faixa etária entre 0 e 14 anos. De acordo com dados do DataSUS, do Ministério da Saúde, o país registrou 1.616 óbitos de crianças por acidentes domésticos nos anos de 2020 e 2021. Para alertar os pais e os responsáveis sobre o que fazer para preservar os pequenos dos perigos existentes nas residências, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos publicará nas redes sociais do ministério uma série de recomendações sobre o assunto.
Pais, responsáveis e profissionais do cuidado de crianças e adolescentes também podem buscar referências na “Linha de Cuidado de Puericultura e Hebicultura”, lançada pelo Ministério da Saúde em 2021 e que, entre outros temas, aborda a prevenção de acidentes domésticos.
Palavra de especialista
De acordo com o médico José Adorno, presidente da Sociedade Brasileira de Queimados e cirurgião plástico da unidade de queimados do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), centenas de intercorrências poderiam ser evitadas com conhecimento básico sobre causas de acidentes domésticos e atitudes preventivas. “Observamos a repetição desses episódios com bastante frequência e a única forma de termos menos sequelas e óbitos decorrentes de acidentes domésticos com crianças é transformar esse dado em uma ação produtiva. Conscientização e prevenção devem ser prioridade para agentes públicos e compromisso para pais e responsáveis”, atesta.
Adorno relaciona uma série de cuidados para serem praticados dentro de casa. Entre as precauções, ele destaca aquelas que podem evitar queimaduras. “É fundamental estar atento ao armazenamento e ao uso de líquidos inflamáveis nas residências. Álcool e gasolina são armas perigosas, principalmente quando utilizados para acender churrasqueiras. Líquidos superaquecidos, como óleo quente, causam enormes danos estéticos quando derramados sobre a pele. Fios elétricos desencapados, sem a devida manutenção, podem gerar o óbito instantâneo de bebês por choque elétrico”, alerta o médico.
Nos casos em que prevenir o acidente não é possível, o foco passa a ser realizar os primeiros socorros de forma adequada. Sobre isso, o médico elenca atitudes equivocadas em relação ao uso de substâncias incorretas para tratar as feridas. “Vemos uma parte da população seguir conselhos aleatórios e, erroneamente, colocar manteiga, clara de ovo e borra de café sobre a pele queimada, mas isso não é recomendado pela medicina. A orientação é que a área seja resfriada e lavada com água em temperatura ambiente. Depois, um pano limpo deve ser colocado sobre a região afetada para proteger a lesão, até que a criança possa ser levada em segurança a uma unidade de saúde para receber o atendimento apropriado”, recomenda. “Se for uma queimadura grande, os pais devem acionar imediatamente o SAMU (Disque 192) ou o Corpo de Bombeiros (Disque 193)”, acrescenta Adorno.
Animação e cards levam o tema ao público infantil
Um filhote de pinguim, que acha que é um super herói, e uma “Pinguãe”, a verdadeira heroína que salva o filho das peraltices do mundo infantil, são os personagens que ilustram a animação especialmente produzida para abordar o tema “acidentes domésticos com crianças”. O desenho animado, divulgado nas redes sociais do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, pretende aproximar o assunto do público-alvo de maneira leve e divertida. Além do vídeo, uma cartilha, um infográfico e cards com dicas de prevenção e orientações sobre como agir em caso de acidentes também fazem parte das publicações que serão feitas nas páginas do ministério.