A suspensão das linhas de crédito rural do Plano Safra 2024/25 gerou forte reação no setor agropecuário. O deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), classificou a decisão como “revoltante” e cobrou explicações do governo federal. “Em uma decisão irresponsável e ideológica, o governo sabotou completamente o Plano Safra, jogando no lixo a chance dos produtores acessarem o crédito que precisam para continuar alimentando o país”, declarou Lupion em suas redes sociais.
A FPA também se manifestou por meio de nota oficial, criticando a suspensão do programa e alertando para os impactos da decisão. Segundo o comunicado, o esgotamento dos recursos ocorre em um momento de extrema importância, com os produtores ainda colhendo a primeira safra e iniciando o plantio da próxima.
A entidade apontou que a decisão do governo se deve à alta da taxa Selic, que subiu de 10,50% em julho de 2024 para 13,25% em janeiro de 2025, impulsionada pela falta de responsabilidade fiscal e pela desvalorização da moeda. A FPA ressaltou que o plano atual foi aprovado no orçamento de 2023 e anunciado como “o maior Plano Safra da história”, mas a falta de controle orçamentário impediu a continuidade dos financiamentos.
Confira a nota da Frente Parlamentar do Agronegócio criticando a suspensão do programa:
A suspensão das linhas de crédito rural do Plano Safra 2024/25, anunciada na quinta-feira (20), resulta do aumento da taxa Selic de 10,50% em julho de 2024 para 13,25% em janeiro de 2025, impulsionado pela falta de responsabilidade fiscal do governo e pela desvalorização da moeda.
Desta forma, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) esclarece que o plano atual foi aprovado no orçamento de 2023 e anunciado como “o maior Plano Safra da história”. Mas, no momento em que os produtores ainda colhem a primeira safra e iniciam o plantio da próxima, os recursos já se esgotaram.
1- No mesmo dia em que o crédito rural é suspenso, a Presidência da República afirma não haver necessidade de cortar gastos.
2- Culpar o Congresso Nacional pela própria incapacidade de gestão dos gastos públicos não resolverá o problema. A má gestão impacta no aumento dos juros e impede a implementação total dos recursos necessários.
3- O setor privado já aporta R$ 1 trilhão na produção agropecuária. O governo federal atua apenas como complemento, subsidiando parte dos financiamentos. Apesar disso, a falta de controle orçamentário impede um planejamento eficiente.
4- Itens da cesta básica, como proteínas e ovos, têm seus custos de produção diretamente afetados, já que as rações utilizadas são produzidas a partir de grãos, culturas impactadas pela falta de recurso.
A FPA seguirá firme na cobrança por políticas públicas adequadas para o restabelecimento do crédito rural, no compromisso com os produtores rurais do Brasil e com a comida barata e acessível na mesa de todos os brasileiros.
Comunicado à Imprensa da ABAG
A Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) vê com preocupação a interrupção das novas contratações de financiamentos rurais com subvenção federal nas linhas do Plano Safra 24/25, que entraram em vigor a partir desta sexta (21/2).
A entidade avalia que a medida anunciada trará ainda mais incertezas a um setor que é uma verdadeira indústria a céu aberto, representa aproximadamente 22% da economia nacional – o PIB do agro em 2024 foi de mais de R$ 2,58 trilhões – e tem papel fundamental na segurança alimentar e energética do país.
Ainda, o impacto do freio ao Plano Safra se estenderá por uma ampla cadeia econômica, atingindo diretamente segmentos como indústria, tecnologia, logística e diversos outros segmentos que dependem do dinamismo do agronegócio.
Essa limitação de crédito subsidiado vai atingir diretamente os agricultores em mais um ano de safras recordes, pois acarretará uma perda de produtividade no campo e consequentemente um aumento no preço dos alimentos, que serão repassados aos consumidores, além de provocar uma perda da competitividade no mercado internacional.
Isso compromete não apenas o financiamento de pequenos, médios e grandes produtores, mas também impacta investimentos essenciais para os avanços do setor, incluindo inovação tecnológica, modernização de equipamentos e infraestrutura logística. O reflexo disso poderá ser sentido em toda a economia, com a possibilidade de retração na geração de empregos, aumento dos custos de produção e, é claro, efeito direto nos alimentos.
O Plano Safra é a principal ferramenta de financiamento rural no país, com linhas de crédito e incentivos para os produtores e seus recursos não podem ser reduzidos sob a alegação de questões orçamentárias. A ABAG espera que o Governo Federal, por meio dos Ministérios da Agricultura e da Fazenda, encontre uma solução urgente para reverter essa medida.
A entidade reforça a necessidade de um diálogo aberto com o Governo para reverter essa decisão e garantir previsibilidade ao setor agropecuário, que desempenha um papel central na economia do país e no abastecimento global. O Brasil tem se consolidado como uma referência em sustentabilidade atrelada à eficiência produtiva, e a continuidade do Plano Safra é fundamental para manter esse protagonismo.
Seguiremos acompanhando os desdobramentos dessa questão e trabalhando junto aos órgãos competentes para assegurar soluções que garantam o desenvolvimento sustentável do setor e a segurança alimentar da população.
O que é o Plano Safra?
O Plano Safra é um programa do Governo Federal que tem como finalidade fornecer recursos para o financiamento da atividade agrícola no Brasil.
O programa é destinado a todos os tipos de produtores rurais. No entanto, o Plano Safra prioriza e concentra seus esforços em pequenos e médios produtores.
Foi criado em 2003 para contribuir com o investimento e custeio de produções agrícolas, sendo a principal fonte de incentivo ao produtor brasileiro e reunindo um conjunto de políticas públicas que abrangem serviços tais como:
- Assistência Técnica e Extensão Rural;
- Crédito rural;
- Seguro da produção;
- Garantia de preços;
- Comercialização;
- Organização econômica das famílias residentes no campo.
Além disso, ainda ajudam os produtores a melhorarem as práticas agrícolas e a adotar tecnologias modernas, aumentando a eficiência e a produtividade.
O Plano Safra é lançado anualmente, com ações definidas entre os meses de julho do ano de vigência até junho do próximo ano, período escolhido estrategicamente pelo calendário da safra brasileira.
Qual a importância do Plano Safra?
O Plano Safra tem como principal objetivo oferecer crédito e incentivos para o desenvolvimento da agricultura e pecuária brasileira.
Ele busca estimular o aumento da produção agropecuária e o fortalecimento da economia rural. Ainda ajuda na geração de empregos, redução da pobreza e desigualdade social e melhoria da qualidade de vida dos produtores rurais.