O novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT)[1] de câncer de mama acaba de ser publicado[2], trazendo uma nova perspectiva para os pacientes da patologia no Brasil. O documento, já utilizado para outras doenças, é o primeiro a ser desenhado para o câncer e atualiza não só as opções terapêuticas para os cuidados com a enfermidade, mas também orienta a forma de atuação dos profissionais de saúde no Sistema Único de Saúde (SUS).
O PCDT de câncer de mama tem como principal mudança em relação a Diretrizes Diagnósticas e Terapêutica (DDT) a inclusão da classe de medicamentos inibidores de ciclinas, incorporadas pela CONITEC (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde) em dezembro de 2021[3]. Essas terapias-alvo que interrompem a atividade de enzimas promotoras de células cancerosas são, atualmente, as com melhores resultados clínicos para o tratamento de câncer de mama avançado HR+/HER2-.
Há quase 20 anos[4], o Sistema Único de Saúde (SUS) não recebia atualização de medicamentos para este subtipo de câncer de mama, que representa 70% dos casos diagnosticados. Estima-se que pelo menos dez mil pacientes podem se beneficiar dessa classe de medicamentos todos os anos.[5] A partir de agora, os profissionais de saúde contam com essa novidade no atendimento público.
Um estudo avaliou que a expectativa de vida de uma paciente com câncer mama avançado no SUS, com os tratamentos disponibilizados até então, é de 26 meses versus 5 anos de expectativa de vida de mulheres em uso dos inibidores de ciclinas.5 “É um novo momento para o tratamento de um dos cânceres mais incidentes no país. A atualização abre novos caminhos para o manejo da doença, aumentando as opções para os profissionais de saúde definirem a melhor estratégia terapêutica para os pacientes”, destaca Maria Cristina Figueroa Magalhães[6], oncologista clínica do Grupo Oncoclínicas de Curitiba e do Hospital Evangélico Mackenzie.
Desde 2020, o câncer de mama é o tipo de câncer que mais acomete mulheres com 24,5%, dos casos, sendo ainda a principal causa de mortalidade por câncer (15,5% dos óbitos, estimados em 684.996[7]. Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), estimam-se 74 mil novos casos de câncer de mama por ano até 2025, correspondendo a um risco estimado de 66,54 casos novos a cada 100 mil mulheres.[8]