A notícia da perda gestacional de Sabrina Sato repercute e levanta um tema delicado, mas necessário: os impactos emocionais dessa experiência para mulheres e suas famílias. Segundo a psicóloga Êdela Nicoletti, especialista em Terapia Comportamental Dialética (DBT), essa vivência pode gerar um luto profundo, complexo e cheio de nuances. “A perda gestacional muitas vezes é subestimada pela sociedade, mas o luto é real e legítimo. As mulheres que passam por isso enfrentam uma dor intensa, que pode ser agravada pela falta de compreensão ao redor”, comenta Nicoletti.
A perda gestacional afeta diretamente a saúde mental e pode desencadear sintomas de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático. “O luto por um bebê esperado abrange sonhos e expectativas que não se concretizam. Cada mãe vive essa experiência de forma única, mas a necessidade de apoio emocional é universal”, explica a psicóloga. Em muitos casos, a busca por ajuda especializada torna-se essencial para lidar com os sentimentos ambíguos que surgem após uma perda tão sensível.
Nicoletti destaca a importância de terapias focadas em aceitação e regulação emocional, que auxiliam mulheres a lidarem com as emoções intensas de maneira saudável e compassiva. “A terapia não busca suprimir a dor, mas sim oferecer recursos para que a pessoa navegue por ela, compreendendo e aceitando o que sente sem se perder nas próprias emoções”, esclarece.
Para muitas mulheres, o impacto da perda gestacional se estende para além do luto imediato, afetando relações, a visão sobre si mesmas e até a motivação para novas tentativas de gravidez. De acordo com Nicoletti, o apoio psicológico oferece não apenas um espaço de acolhimento, mas também estratégias para seguir em frente.
Muitas vezes o pai, e a família toda, acabam afetados também e vivem esse luto. “É importante validar e reconhecer essa perda que pode afetar a todos. A observação da saúde mental de cada um dos envolvidos direta ou indiretamente com essa perda é essencial para buscar ajuda aos primeiros sintomas de um agravamento no caso de depressão ou de necessidade de acompanhamento profissional”, reforça a especialista.