O primeiro turno das eleições de 2024 revelou um cenário preocupante: uma alta taxa de abstenção, superando os 20%, indicou um desinteresse crescente do eleitorado. Com 52 cidades brasileiras voltando às urnas neste domingo, o desafio de motivar o eleitor se intensifica, especialmente para aqueles que viram seus candidatos eliminados na primeira etapa.
O desânimo é ainda mais acentuado em cidades onde a disputa se polarizou entre candidatos ligados a extremos ideológicos. Em alguns locais, a escolha ficou restrita a um espectro que representa as franjas mais radicais da política: de um lado, a extrema-direita; do outro, a esquerda radical. Esse quadro pode evitar ainda mais o eleitor que, desiludido, se vê sem uma alternativa que o convença a sair de casa para votar.
A dificuldade de mobilizar essas eleições é real. Não basta apenas um bom marketing de campanha; é preciso reconectar o eleitor com suas demandas e preocupações reais. Os candidatos precisam, mais do que nunca, conquistar a confiança de quem perdeu seu candidato no primeiro turno, oferecer razões palpáveis para que escolham entre as opções disponíveis e não apenas rejeitem uma delas.
Neste segundo turno, o grande desafio será frear a tendência de abstenção e evitar que o desinteresse continue a crescer. As eleições podem ser decididas por margens apertadas, e cada voto terá um peso ainda maior em um contexto de menor participação. É um momento decisivo, não apenas para as cidades envolvidas, mas para o próprio fortalecimento do processo democrático. Se os candidatos não forem capazes de reconquistar esses participantes, corre-se o risco de legitimar resultados com uma representatividade comprometida.
No próximo domingo, todos os olhos serão voltados para a capacidade dos candidatos em mobilizar e motivar um eleitorado cansado e polarizado. É um teste de fogo para a política brasileira, em um cenário onde a abstenção pode transformar a expectativa em surpresa e o desinteresse em uma reviravolta eleitoral.