O Brasil se tornou um dos países mais afetados por transtornos mentais, com números alarmantes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país está no topo do ranking de ansiedade e depressão na América Latina, com quase 19 milhões de pessoas com essas condições, sendo o país com a maior prevalência de depressão nesta região.
Em outubro, com a celebração do Dia Mundial da Saúde Mental (10), profissionais e organizações de saúde de várias especialidades, além de governos, se mobilizam no período para aumentar a conscientização sobre a importância da saúde mental e vencer o estigma em relação à busca por tratamento profissional.
Facilitar o acesso aos tratamentos e profissionais especializados é uma medida necessária para enfrentar o problema, mas que ainda esbarra no preconceito em torno da saúde mental. “Infelizmente muitas pessoas veem o tratamento de transtornos mentais como algo vergonhoso ou desnecessário, o que só atrasa o diagnóstico e o início do tratamento, além potencializar as consequências negativas para a saúde do indivíduo e de todos em seu redor”, comenta a psiquiatra, dra Aline Sabino.
O Brasil, que já enfrenta muitos desafios nessa área, também passou por um agravamento da situação nos últimos anos, particularmente após a pandemia. Fatores como o isolamento social, a perda de entes queridos e a crise financeira contribuíram significativamente para esse aumento. “É uma crise de saúde mental que não pode ser ignorada. Além de aumentar os transtornos já existentes, surgiram novos quadros entre a população, principalmente entre os jovens”, reflete Sabino. Números do departamento da saúde mental da OMS dão conta de que 75% dos transtornos mentais começam antes dos 24 anos.
Ainda de acordo com outro relatório da OMS, cerca de um bilhão de pessoas vivem com algum tipo de transtorno mental no mundo e destas, 300 milhões sofrem de depressão, que também podem levar a uma série de enfermidades físicas e até ao suicídio. No Brasil, os registros de suicídio são estimados em cerca de 14 mil casos por ano, com uma média de 38 pessoas mortes por dia.
A conscientização da população é a melhor forma para melhorar a saúde mental da população. “Buscar ajuda para algum transtorno mental é como buscar atendimento por causa de uma virose. Não há qualquer demérito nisso. O problema é não receber um diagnóstico e tratamento adequados comprometendo toda a saúde como um todo. Não hesite em buscar ajuda de um psiquiatra ou psicólogo imediatamente”, afirma a Dra Sabino.