O Dia das Crianças, celebrado em 12 de outubro, está se aproximando e é uma data que vai além das brincadeiras e dos presentes, mas que também representa sonhos e aspirações dos pequenos. Entre esses sonhos, muitos desejam se tornar cientistas, e o incentivo desde cedo pode trazer grandes avanços em diversas áreas da sociedade.
Segundo dados da UNESCO, existem 700 cientistas para cada um milhão de habitantes no mundo, e no Brasil, mais de 1.200 pesquisadores se destacam em suas áreas. O número de cientistas brasileiros com maior impacto internacional cresceu significativamente nos últimos anos, quadruplicando de 342, em 2017, para 1.294 em 2022, de acordo com o ranking publicado pelo professor John P. A Ioannidis e pesquisadores da Universidade de Stanford (EUA), em parceria com a editora científica Elsevier. Esse aumento reflete a importância de investir nas novas gerações para manter o crescimento e a relevância da ciência brasileira no cenário global.
Um desses exemplos é Isabella Fernanda Araújo, uma jovem de 12 anos de Belém (PA), que desde pequena demonstrava interesse pela ciência ao observar o céu na casa dos avós e questionar o funcionamento das coisas. “Quero ser engenheira mecatrônica ou aeroespacial porque acho incrível usar o conhecimento para criar soluções que ajudam as pessoas e o meio ambiente”, destaca. Entre seus ídolos estão Marie Curie e Albert Einstein, que inspiram sua trajetória.
Isabella é a astronauta análoga mais jovem do Brasil, com apenas 10 anos, e já conquistou recordes impressionantes, como os mais de 80 prêmios em olimpíadas científicas. Ela também atua como cientista júnior do Instituto Nacional Leva Ciência, caçadora de asteroides com 12 detecções preliminares e já recebeu reconhecimento internacional, sendo destaque no International Star Kids Awards. Ela também possui três primeiros lugares na Mostramazônia, com os projetos “O Cultivo de Fungos Aspergillus Flavus na Microgravidade”, “MINI LAB STEAM” e desenvolvimento de um robô autônomo capaz de monitorar e coletar resíduos flutuantes em rios, lagos e mares.
“Para mim, ciência é a chave para entender o mundo e encontrar soluções para os problemas que enfrentamos. É transformar curiosidade em ação e ideias em inovações que melhoram a vida das pessoas e protegem o meio ambiente”, complementa a jovem cientista.
Isabella também participa ativamente de projetos da NASA, como o NASA Apps Challenge e o programa Amazon Scientists, idealizado pelo Instituto Nacional Leva Ciência, que dissemina conhecimento aeroespacial e astronômico entre crianças e jovens. Nos momentos de lazer, a cientista mirim pratica futebol, vôlei, anda de bicicleta e curte jogos on-line.
Já Pedro Henrique Uliana, estudante e jovem cientista de Vila Velha (ES), também acumula conquistas em competições acadêmicas nacionais e internacionais. Com apenas 11 anos, ele é cientista júnior também pelo Instituto Nacional Leva Ciência e astronauta análogo pelo Habitat Marte, além de ser membro de organizações como Mensa e Intertel. Entre suas realizações estão medalhas de ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Olimpíada do Oceano, além de prêmios em competições como a Olimpíada Copernicus de Matemática, realizada na Universidade de Columbia. Em 2024, conquistou o primeiro lugar no Mostramazonia com o projeto “Desvendando os Mistérios da Areia Monazítica”, um museu virtual dedicado à geologia.
Com uma trajetória acadêmica brilhante, Pedro se destaca como líder de turma e participa de iniciativas globais, evidenciando seu compromisso com a ciência. “Desde pequeno, sempre fui muito curioso. Conheci o canal ‘Você Sabia?’ e me apaixonei pela ciência. Para mim, a ciência é uma forma de expressar meu conhecimento e conhecer pessoas que compartilham os mesmos interesses. Meu sonho é ser astrofísico e ganhar um Prêmio Nobel”, afirma.
Sonho de infância que virou realidade
O interesse pela ciência também marcou a infância de Larissa Ferranti, cientista e analista de Pesquisa e Desenvolvimento de Produto. “Eu cresci em um sítio, cercada por plantas e animais, e fazia experimentos com o que encontrava no mato. Sonhava em descobrir a cura para o HIV, rasgava folhas para observar suas estruturas e passava horas analisando o comportamento dos animais. Hoje, sinto que contribuo para um mundo melhor com meu trabalho”, relata.
Desde jovem, Larissa já demonstrava fascínio pela ciência, especialmente após visitar um laboratório de pesquisa pela primeira vez. Ela lembra que um dos momentos mais marcantes de sua carreira aconteceu durante o seu doutorado, quando descobriu uma nova espécie de fungo com alto potencial biotecnológico. “Foi quando me senti uma verdadeira cientista”, reflete.
Formada em Ciências Biológicas, com mestrado em Microbiologia pela Universidade de São Paulo (USP) e doutorado em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), atualmente, Larissa trabalha no desenvolvimento de produtos para laboratórios de controle de qualidade e diagnóstico clínico. Apesar dos desafios da carreira científica no Brasil, ela incentiva os jovens a seguirem suas paixões. “Não é fácil, mas é gratificante saber que você está contribuindo, mesmo que um pouquinho, para a evolução da humanidade”, conclui.