“Quem é que gosta de matemática?” é uma das frases mais comuns durante a jornada de aprendizado de qualquer pessoa. Associada à complexidade e à falta de entendimento, a matéria – que deveria acompanhar uma prática divertida e de descobertas – muitas vezes se transforma em um verdadeiro desafio para estudantes e professores.
No Brasil, essa realidade é evidente: de acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), 68,1% dos alunos brasileiros de 15 anos não possuem o nível básico de matemática necessário para o exercício pleno da cidadania. Isso reflete uma realidade assombrosa e preocupante na mesma proporção.
O desafio em ensinar e aprender
A matemática exige raciocínio lógico e abstrato, habilidades que podem ser desafiadoras para uma grande parcela de estudantes. Entretanto, o problema vai além da complexidade da matéria. Muitos jovens desenvolvem um bloqueio em relação à matemática, o que afeta tanto o desempenho escolar quanto a autoestima.
Um estudo realizado com quase 200 estudantes alemães revelou que mais de um terço tem uma relação negativa com o tema. O professor David Kollosche, da Universidade de Klagenfurt, na Áustria, destacou que esse desinteresse geralmente se origina na maneira como o conteúdo é ensinado. A maioria dos alunos se distancia da matemática antes mesmo de ter a chance de compreendê-la em profundidade – o que não só traz prejuízos aos jovens, mas também aos docentes.
Gamificação: uma nova abordagem para o ensino
Diante desse cenário, é essencial repensar a abordagem do ensino. A gamificação surge como uma solução promissora, capaz de transformar a forma como os alunos interagem e remover essa noção de carência do conhecimento.
A gamificação é uma estratégia que consiste no uso de técnicas de jogos em situações que não se relacionam com o entretenimento. Aplicando esses elementos em contextos educacionais, o método estimula o engajamento, incentiva a resolução de problemas e torna o aprendizado mais divertido e acessível.
Benefícios para alunos e professores
Optar por esse caminho transforma o processo educacional e redefine o papel dos professores. Ao utilizar ferramentas gamificadas, os profissionais conseguem monitorar o progresso de cada estudante de forma mais precisa, o que permite uma abordagem personalizada e eficiente. Esses recursos oferecem relatórios detalhados sobre o desempenho dos alunos, além de fornecer atividades complementares.
Ao tornar o ensino de matemática mais dinâmico, a gamificação pode contribuir para desconstruir estereótipos negativos sobre a disciplina, promovendo um maior interesse, principalmente pelo público feminino, que tradicionalmente pode se sentir menos incentivado a se destacar nessa área.
Embora a gamificação não resolva todos os desafios, ela é uma poderosa ferramenta de apoio quando integrada a uma metodologia pedagógica bem estruturada. Prepara os estudantes para um mundo cada vez mais voltado à tecnologia e à resolução de problemas complexos.
É possível quebrar o senso comum sobre a falta generalizada de “gosto” pela matemática. O que é naturalmente visto como uma barreira pode se transformar em uma experiência envolvente, estimulando a curiosidade e o prazer de aprender.
*Por Dennis Szyller