Paulinho Dias, de 47 anos, é músico desde os 15 anos. Ele convive com as sequelas da poliomielite (paralisia infantil) desde que foi acometido pela doença aos 11 meses de idade, poucos dias após dar os seus primeiros passos. O próximo dia 24 de outubro é marcado pelo Dia Mundial de combate à Poliomielite, uma doença que causa paralisia nos membros e pode deixar sequelas permanentes na mobilidade dos pacientes, forçando muitos deles a utilizarem cadeiras de rodas ou suporte para locomoção e podendo levar à morte. Atualmente, Paulinho é casado e integrante do grupo ‘O Jardineiro e a Bella Flor’, e junto com a esposa, realiza diversos shows e apresentações de música infantil pelo Brasil.
“Passei por diversas cirurgias e sessões de fisioterapia e minhas primeiras muletas auxiliares foram feitas pelo meu pai”, conta o artista. “Eu tentava não focar no que me faltava, mas sim no que me fartava. Hoje, sigo a profissão que amo e celebro a vida nos pequenos detalhes” conta Paulinho.
Helena Teodoro, de 65 anos, contraiu poliomielite ao completar 1 ano de idade e contou um pouco mais sobre a batalha que ela e sua família enfrentaram durante o período. “O meu pai trabalhava sem parar, nem férias ele conseguia tirar, e tudo isso para poder me proporcionar os melhores tratamentos para a doença, pois, naquela época, ainda não eram oferecidos no SUS.”, explica. A recepcionista ainda ressalta que, com o passar dos anos, as sequelas deixadas pelo vírus da pólio ficam cada vez mais intensas, e que atualmente vem superando a cada dia que passa uma dificuldade diferente deixada por elas. “Gosto sempre de dizer que quem ama cuida, e quem cuida, vacina”, finaliza Helena.
O poliovírus se replica no organismo e os sintomas vão desde febre, dor de garganta, até náuseas, vômitos, constipação e dor abdominal. É importante lembrar que a poliomielite pode acometer pessoas de qualquer idade, porém parte dos infectados, especialmente crianças com menos de cinco anos, podem sofrer com formas graves da poliomielite. Nesses casos, o vírus, pode afetar o sistema nervoso e provocar a paralisia permanente nos membros inferiores ou superiores.
Em 2024, comemora-se os 35 anos da eliminação da poliomielite no Brasil. Graças à intensificação das campanhas de vacinação, o país registrou o último caso da doença em 1989. A vacina da pólio injetável, também conhecida como vacina inativada contra a poliomielite (VIP), desempenha um papel crucial para manter a doença eliminada no país. A partir do segundo semestre de 2024, o Brasil passa a adotar gradualmente a vacina VIP no reforço aos 15 meses de idade, substituindo a forma oral do imunizante.
Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2023, a aplicação da VIP saltou de 77% em 2022 para 84,63% em 2023. Apesar desse progresso, desde 2015, a cobertura vacinal no Brasil está abaixo do mínimo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 95%. Sem atingir esse patamar, a população não pode ser considerada totalmente protegida contra a poliomielite.