O momento em que o consumidor busca regularizar suas dívidas é um dos mais importantes e, em paralelo, um dos mais delicados. É crucial estar atento a possíveis fraudes na cobrança, que podem agravar a situação financeira e emocional de quem já enfrenta dificuldades. Infelizmente, golpistas se aproveitam da vulnerabilidade de pessoas endividadas para aplicar fraudes, prejudicando não apenas as vítimas, mas também a credibilidade das empresas idôneas e do mercado como um todo.
De acordo com a 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou 208 golpes por hora em 2022, totalizando 1,8 milhão de casos de estelionato em todo o país. Esse número reflete um preocupante aumento de 37,9% em relação a 2021. Complementando, um estudo da TI Inside apontou um crescimento de até 35% nos golpes digitais ao longo de 2023. O Brasil registrou em média 3.631 tentativas de fraude para cada milhão de habitantes, como relata o dado fornecido pelo Serasa Experian.
No contexto da negociação de dívidas, os golpes relacionados à cobrança estão se tornando cada vez mais comuns. Os fraudadores costumam criar anúncios atrativos e direcionar os consumidores a páginas falsas, nas quais se passam por terceiros, oferecendo condições exclusivas, descontos agressivos e oportunidades falsas.
Para dar continuidade à falsa negociação, os golpistas costumam utilizar aplicativos de mensagens, nos quais tentam convencer as vítimas a efetuar o pagamento, oferecendo descontos altos e impondo agilidade no processo. Em seguida, encaminham um boleto falso, normalmente com contas em bancos digitais e carência de informações que demonstrem autenticidade.
Para evitar ser mais uma vítima, é fundamental que os consumidores estejam atentos a práticas comuns entre os fraudadores. Ainda que páginas falsas costumam apresentar informações e imagens semelhantes aos sites populares de negociação de dívidas, é possível identificar indícios de fraude, como a ausência de dados para identificar a empresa. Isso inclui CNPJ, endereço válido e canais de contato confiáveis. Outro sinal é que, embora a URL possua o cadeado de segurança (SSL), os selos que demonstram a segurança no site falso não possuem links ou informações.
Além dos consumidores, é essencial que as empresas do setor de cobrança e negociação de dívidas atuem de forma proativa para alertar e proteger seus clientes. É fundamental orientar sobre a preferência de negociar diretamente com o credor ou um representante autorizado, utilizando sistemas seguros e sofisticados que possuam mecanismos de autenticidade em acordos. É importante ressaltar também a importância da cautela ao negociar por meio de aplicativos de mensagens com números não verificados e recomendar que os clientes certifiquem a veracidade da negociação junto ao credor.
O combate às fraudes na cobrança exige uma atuação conjunta. Ao adotar práticas transparentes, investir em tecnologia e promover a educação financeira de seus clientes, as empresas podem contribuir significativamente para a prevenção de golpes e a construção de um ambiente de negociação mais seguro e confiável – algo emergente no cenário atual.
*Por Fernando Modenezi, especialista em cobrança digital e CEO da Acordo Online