Com a proximidade dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2024 em Paris, a movimentação de grandes contingentes de pessoas de diversas partes do mundo torna-se um fator de risco para a disseminação de doenças infecciosas. Além disso, a circulação de doenças como sarampo, rubéola e coqueluche, bem como influenza e COVID-19 em regiões da Europa e dos Estados Unidos, levou o Ministério da Saúde do Brasil a emitir uma Nota Técnica destacando a necessidade urgente da vacinação para viajantes. A Dra. Marcela Rodrigues, diretora da Salus Imunizações, enfatiza que “a vacinação é uma medida essencial para prevenir a disseminação de doenças e proteger tanto os viajantes quanto a população local.”
Cenário Epidemiológico Global
Sarampo
O sarampo é uma doença viral altamente contagiosa que se espalha pelo ar através de gotículas respiratórias quando uma pessoa infectada tosse ou espirra. Esta doença é potencialmente grave e pode levar a complicações como pneumonia, encefalite e até mesmo a morte. “Apesar dos esforços para erradicar o sarampo, ele continua a ser uma ameaça devido à baixa cobertura vacinal em algumas regiões,” afirma a Dra. Marcela. Recentemente, os Estados Unidos relataram 151 casos em 22 jurisdições, enquanto a Europa registrou 1.293 casos em 17 países, com a Romênia, Polônia, Bélgica e França sendo os mais afetados.
Dra. Marcela Rodrigues: “O sarampo é extremamente infeccioso e pode se espalhar rapidamente em populações não vacinadas. É crucial que as pessoas mantenham suas vacinas atualizadas para evitar a reintrodução do vírus no Brasil.”
Coqueluche
Conhecida também como tosse comprida, a coqueluche é uma infecção bacteriana que afeta as vias respiratórias, causando tosse severa que pode durar semanas. “A coqueluche é particularmente perigosa para bebês, que podem sofrer complicações graves ou até fatais,” explica a Dra. Marcela. Em 2024, a União Europeia reportou 32.037 casos, com o Reino Unido registrando 4.793 casos e 8 óbitos. No Brasil, 159 casos foram confirmados entre janeiro e maio de 2024, espalhados por 10 estados.
Dra. Marcela Rodrigues: “A vacinação contra a coqueluche é essencial, especialmente para proteger os mais vulneráveis, como bebês e gestantes. As vacinas ajudam a controlar a disseminação da doença e a proteger toda a comunidade.”
Influenza
A influenza é uma infecção viral comum que afeta o sistema respiratório e é responsável por epidemias sazonais. “A gripe pode ser particularmente perigosa para grupos vulneráveis, como idosos e pessoas com condições de saúde preexistentes,” alerta a Dra. Marcela. Em 2023, o Brasil relatou 247.068 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) hospitalizados, dos quais 12% foram causados pela influenza. A vacinação anual é a melhor defesa contra a gripe.
Dra. Marcela Rodrigues: “A vacinação contra a influenza deve ser uma prioridade anual para todos. Ela reduz a carga de doenças respiratórias e previne complicações que podem levar a internações.”
COVID-19
Embora os casos globais de COVID-19 estejam em declínio, a vigilância contínua e a vacinação são cruciais para evitar ressurgimentos, especialmente com a emergência de novas variantes. “A atualização da vacinação contra a COVID-19 é fundamental, especialmente para proteger grupos prioritários,” reforça a Dra. Marcela. Em 2024, o Brasil notificou 617.396 casos e 3.864 óbitos até junho.
Dra. Marcela Rodrigues: “Apesar da diminuição dos casos, a COVID-19 ainda é uma ameaça. A vacinação continua sendo uma ferramenta essencial para evitar casos graves e mortes.”
Poliomielite
A poliomielite, erradicada no Brasil desde 1990, ainda representa um risco em países como o Paquistão e o Afeganistão. “A vigilância e a vacinação são essenciais para manter o Brasil livre da pólio,” adverte a Dra. Marcela. Apesar da ausência de casos locais, a vacinação completa é imprescindível para evitar a reintrodução do vírus.
Dra. Marcela Rodrigues: “A poliomielite é uma doença devastadora que podemos evitar através da vacinação. É vital que todas as crianças completem seu esquema vacinal para proteger contra a reintrodução da doença.”
Recomendações de Vacinação para Viajantes
Para minimizar o risco de contrair e disseminar doenças, o Ministério da Saúde recomenda que os viajantes atualizem suas vacinas pelo menos 15 dias antes da viagem. Isso garante que o sistema imunológico tenha tempo para desenvolver uma resposta protetora.
Meningite
A meningite é uma infecção grave que afeta as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, e pode ser causada por bactérias, vírus ou outros agentes patogênicos. A forma bacteriana, especialmente a causada pela Neisseria meningitidis, é a mais perigosa devido ao seu rápido progresso e potencial de causar surtos em grandes aglomerações, como as previstas para os Jogos Olímpicos de 2024. “A vacinação contra a meningite é essencial para os viajantes, pois protege contra complicações graves e ajuda a evitar a disseminação da doença ao retornar ao Brasil,” destaca a Dra. Marcela Rodrigues, diretora da Salus Imunizações. A imunização adequada antes da viagem é uma medida preventiva crucial para garantir a segurança dos viajantes e da população em geral.
Recomendações por Doença
1. Sarampo e Rubéola:
– Tríplice Viral: Inclui proteção contra sarampo, caxumba e rubéola.
– Tetraviral Inclui varicela além das doenças cobertas pela tríplice viral.
– Crianças: Bebês de 6 a 11 meses devem receber a dose zero antes de viajar.
2. Coqueluche:
– Vacina DTPa: Recomendado para crianças, gestantes e profissionais de saúde.
– “A proteção deve ser estendida a todos os membros da família para proteger os mais jovens,” enfatiza a Dra. Marcela.
3. Influenza:
– Vacina Anual Essencial para evitar complicações graves e hospitalizações.
4. COVID-19:
– Reforços Regulares: Importante para manter a imunidade, especialmente em face de novas variantes.
5. Poliomielite:
– Esquema Vacinal Completo: Fundamental para crianças e recomendado para viajantes para áreas de risco.
6. Meningite:
– Vacina Meningocócica Conjugada ACWY: Protege contra os sorogrupos A, C, W e Y da Neisseria meningitidis, recomendada para adolescentes, adultos jovens e viajantes para regiões endêmicas.
– Vacina Meningocócica B: Indicada para viajantes que se dirigem a áreas onde o sorogrupo B é prevalente.
– “A vacinação contra a meningite é crucial para garantir a proteção contra essa doença grave, especialmente em ambientes com grandes aglomerações,” orienta a Dra. Marcela.
Considerações Finais
A vacinação não apenas protege o indivíduo, mas também a comunidade como um todo, prevenindo surtos e limitando a propagação de doenças. “Manter a vacinação em dia é um compromisso com a saúde pública,” destaca a Dra. Marcela. Com eventos internacionais atraindo visitantes de todo o mundo, como os Jogos Olímpicos, a atualização vacinal torna-se ainda mais crucial para garantir um ambiente seguro e saudável.
O Ministério da Saúde reforça a importância de buscar serviços de saúde imediatamente ao apresentar sintomas de doenças preveníveis por vacinas, especialmente ao retornar de viagens internacionais. “A vigilância e a notificação precoce são vitais para controlar a disseminação de doenças,” conclui a Dra. Marcela. A saúde pública depende da colaboração de todos, e a vacinação é uma das ferramentas mais poderosas à nossa disposição, finaliza Dra Marcela Rodrigues.